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Foram estes os anos das comemorações dos descobrimentos portugueses, realizações essas contra as quais sempre se insurgiu repetidas vezes porque lhe pareciam um remoer passadista de memórias afeiçoadas ao pensamento retrógrado: “sob revoada de comemorações temos vivido estes anos de tumultuosas mudanças no viver colectivo, ao mesmo tempo que se desenrola o teatro do reviver de tradições e até se promove a tradição a critério de valor.” Mais: “As comemorações ritualizam o itinerário que as sociedades percorreram, em obediência a intenções ideológicas da época em que se celebram; propõem ou baseiam-se tantas vezes em mitologias, afastando os homens dos problemas que realmente têm de enfrentar.” Do que de negativo e prejudicial tinham as comemorações só podia sair-se pela pesquisa “cientificamente conduzida, rigorosa e isenta.” Isto fez sair na revista História no ano 2000. Com mágoa, reduzia o que ia sendo feito a desperdício de dinheiros públicos. Sabendo que era um combate perdido. Talvez por isso tenha pensado por essa altura dizer “adeus aos descobrimentos.” O que não ocorreria. Porém, outros assuntos lhe prendiam a atenção, articulados com as suas permanentes preocupações e interesses. Fará um longo intervalo assinalado por uma viragem temática para a I República portuguesa. De posse de velhos papéis familiares empreende usá-los na escrita de uma biografia do Pai, coronel Vitorino Henriques Godinho. Será Vitorino Henriques Godinho. Pátria e República (1878-1962). Se bem que consiga afastar-se dos perigos da admiração filial fica nítida uma atitude natural de estima pela figura biografada, vista com uma construída neutralidade. A que junta outros familiares e amigos como o coronel Manuel Maia Magalhães e o general João Pereira Bastos. Na base de cujas informações nos dá um panorama do regime republicano, dos seus êxitos e muitos fracassos, do empenhamento na Grande Guerra e na acção das tropas expedicionárias. Revelando o conhecimento insuspeitado de técnicas e tácticas militares. Em que parecia comprazer-se. Mas sobretudo mostrava-se atento para avançar com necessárias rectificações a visões revisionistas que começavam a proliferar. Essas “reideologizações arcaizantes”, que entendia dever combater. Porque, como sempre, há que compreender e de explicar “Portugal e os Portugueses”. Este o título de um trabalho que muitas vezes quis empreender, em volta do qual sempre reflectiu, cuja elaboração com colaboradores planificou e que afinal ficaria por escrever. |
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