A história económica tem as suas origens em duas disciplinas, a economia e a história (Franklin Mendels, «Économie. Histoire économique», 1986, p. 215). O processo conducente à sua autonomia, face à história geral – em voga até aos finais do século XVIII –, passou por diversas fases. Inicialmente, começou por chamar-se a atenção para a relevância dos factos económicos, no contexto historiográfico geral, os quais passaram a ser objeto de investigação. Tal ocorreu em ambientes políticos e culturais diversos, no âmbito do iluminismo e da política fisiocrática de finais de Setecentos, bem como no do liberalismo e desenvolvimento do capitalismo, posteriormente. Na transição do século XIX para o XX foram criadas disciplinas de história económica em algumas universidades estrangeiras, o que já revela uma certa maturidade deste novo domínio da respetiva investigação: Harvard (primeira cadeira de história económica no mundo anglo-saxónico, em 1893); Manchester (1910); Cambridge (1928); Oxford (1931); e London School of Economics, em Londres (1931). No Colégio de França, Pierre-Emile Levasseur (1828-1911) instalou, de 1871 a 1911, a cadeira de Histoire des doctrines économiques (Id., Idem, pp. 216-217). Publicaram-se revistas dedicadas à temática, bem como estudos históricos acerca de vários aspetos da economia e do desenvolvimento económico. A partir da criação, em Estrasburgo, da revista Annales d´ Histoire Économique et Social (1929) e, nos Estados Unidos da América do Norte, do Journal of Economic History (1941), a história económica – frequentemente ligada à história social, sobretudo em França – registou um desenvolvimento significativo, passando a ser objeto privilegiado de pesquisa das escolas históricas nova história e nova história económica.
Graças a obras de autores de referência, publicadas na década de 1930 (como Simon S. Kuznets, François Simiand, C. Ernest Labrousse e Earl J. Hamilton), «nascia uma nova história económica, fundamentalmente estatística». Assim, como já foi sublinhado, «a história económica não passa, no fundo, de economia política dos sistemas ou estruturas evolutivas» (V. Magalhães Godinho, Introdução à História Económica, 1970, pp. 51-53). Em Portugal, também a nova área de investigação se foi consolidando, embora lentamente e com algum desfasamento temporal, desde os finais do século XVIII (sobretudo devido à importante ação da Academia das Ciências de Lisboa), passando pela investigação e publicação de trabalhos na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX.