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O Dicionário de Historiadores Portugueses, acessível nos sítios electrónicos da Biblioteca Nacional de Portugal e do Centro de História da Universidade de Lisboa, corresponde a uma necessidade há muito sentida nas ciências humanas em Portugal. Visa alargar o conhecimento sobre os historiadores que escreveram sobre o passado nacional, as suas perspectivas do conhecimento histórico, teorias e correntes historiográficas, instituições científicas, jornais e revistas a que estiveram ligados. Pretende ser uma obra de consulta, disponibilizando informação útil aos investigadores e interessados pela história da história, dar a conhecer o pensamento dos historiadores que se destacaram até ao início do decénio de 1970 (alguns deles esquecidos) e traçar sínteses sobre a historiografia produzida em campos específicos do saber. O período escolhido tem em conta o papel decisivo que, a par da Universidade, a Academia Real das Ciências alcançou na dinamização dos estudos históricos e na afirmação de um conceito de história-ciência. 1974 constitui uma baliza marcante a partir da qual se acentuará a renovação em múltiplas direcções de uma historiografia que vinha dos anos 40, o alargamento significativo do campo de estudos e maior abertura ao exterior da comunidade de historiadores.
Considera-se historiografia num sentido amplo, envolvendo múltiplos conceitos de história e concepções da sua escrita, ultrapassando fronteiras não raro artificiais com outras ciências humanas: filosofia, geografia, antropologia, economia, linguística, estudos jurídicos, estudos literários, pedagogia. Ao longo dos dois séculos em causa (1779-1974) encontramos perfis muito diversos de historiadores, do erudito académico atento à autenticidade do documento ao autodidacta que cultiva larga variedade de géneros, passando pelo historiador profissional, formado já em instituições especializadas, sem esquecer ainda o contributo dos ensaístas. O Dicionário representará este tão diverso leque de autores, de formações e percursos intelectuais bem diferenciados, num país em que a profissionalização dos estudos históricos foi tardia, quando comparada com outras nações europeias (grandes historiadores portugueses do século XX foram autodidactas). Procurar-se-á estabelecer nexos contextuais com os problemas dos tempos em que viveram, o ambiente cultural e as polémicas em que se envolveram, a relação com o pensamento histórico internacional e a posteridade das suas obras. Incluir-se-á também uma selecção de historiadores de outras nacionalidades que estudaram a história de Portugal: alguns contribuiram decisivamente para a renovar e alargar o seu conhecimento no mundo. A história da história e a reflexão teórica sobre a disciplina foram-se desenvolvendo ao longo dos dois últimos séculos pela voz de alguns dos mais destacados historiadores e intérpretes da sociedade portuguesa e do seu devir, dos homens ligados à Academia das Ciências de Lisboa - entre eles Alexandre Herculano - aos nossos dias. Será possível escrever história de qualidade sem reflectir sobre um ofício que tanto contribuiu para alargar a compreensão da experiência nacional, aprofundar a consciência que cada um de nós tem de si próprio e da comunidade em que lhe foi dado viver? Parece evidente que não: o que aqui se convoca é uma irredutível pluralidade de pontos de vista, teorias e interpretações sobre o passado da sociedade portuguesa, necessário ponto de partida para inventariações de problemas e construção de novos percursos de investigação e conhecimento. Com um conjunto muito variado de colaboradores, o dicionário pretende inscrever-se nesta linhagem. Tem vindo a ser produzido e progressivamente dado a conhecer on-line em língua portuguesa e em língua inglesa. Será regularmente acrescentado com novas entradas, podendo beneficiar com sugestões críticas dos seus leitores. Posteriormente resultará na publicação de um livro. De momento já se encontram acessíveis cerca de 150 entradas nominais e temáticas. Sérgio Campos Matos Maio de 2016. Um esclarecimento..., Fev. 2013, Sérgio Campos Matos (Pdf) |
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