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Na sua tese de licenciatura, esboça-se uma compreensão integrada da revolução liberal de 1820 tendo em conta o contexto da europeu ocidental (Inglaterra e França) e a problemática económica, política e técnica. Não apenas o campo das ideias políticas. Rejeita a ideia de que se tratasse de um movimento popular. Teria antes sido “obra da burguesia sobre a qual pesavam, principalmente, as consequências da residência real no Brasil e o desfalecimento da indústria e do comércio” (Condições económicas da Revolução Portuguesa de 1820, 2ª ed.,pp.174-175). Todavia estava bem consciente que dessa classe social faziam parte diferentes grupos profissionais: proprietários, comerciantes, industriais e legistas. Fernando Piteira Santos e, posteriormente, Miriam Halpern Pereira forneceriam mais elementos para a caracterização da primeira elite liberal que o jovem historiador apenas esboçou. Mas certeiramente, Soares de Azevedo distanciava-se já da tese de que a maçonaria teria tido, enquanto grupo, um papel decisivo na revolução – tese que encontraria continuidade nos trabalhos de Piteira Santos e, mais tarde de Silva Dias. Por outro lado, JSA relativizava a influência do ideário liberal entre a elite em 1820, não esquecendo todavia que se tratou de uma “reacção a um sistema anterior” (p.22). Notou José G. Reis Leite que Soares de Azevedo lançou nos Açores “a semente da revista Annales, o gosto pela história económica e o alargar dos horizontes da história açoriana aos assuntos do Atlântico e da Expansão europeia” (“A historiografia açoriana na 1ª metade do século XX…”). Também no continente foi um dos jovens historiadores que, nos anos 40 e princípios de 50, contribuiu para a difusão do interesse pela história económica numa perspectiva transnacional, então marcada pela historiografia francesa. Entre outros, citava Marc Bloch, Henri Sée, Albert Matthiez e Pierre-Maxime Schull. Como observaria mais tarde Fernando Piteira Santos, “Forjar as portas do Século XIX, esse território histórico que o ensino ministrado na velha Faculdade não contemplava, uma área interdita só devassada no domínio da história literária, terá sido a atitude subversiva, nos Anos 40, do Julião Soares de Azevedo” (“Última aula - Do "antigo regime" ao Portugal liberal” [1988]). Na verdade, ao invés do que se passaria em Espanha, no Portugal de Salazar a investigação sobre o século XIX não era bem vista, identificada que era com jornalismo e política. |
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