De origem aristocrática, Luís de Montalvor, nascido em Cabo Verde, teve uma vida relativamente curta, envolta em silêncios e contradições. Nas palavras de Arnaldo Saraiva − um dos pioneiros que estudou, na sua dissertação doutoral, publicada em 1985, a presença do autor no Brasil: «Luís de Montalvor é uma das mais injustiçadas e esquecidas personalidades da cultura portuguesa do século XX. (…) pouco ou nada se sabe com exactidão sobre a sua estadia no Brasil, (…) participação no projecto de Orpheu, (…) suas actividades editoriais (…).» (A. Saraiva; O Modernismo Brasileiro… 1986, p. 171).

Foi um dos fundadores da revista Orpheu, em 1915, da qual saíram dois números (tendo dirigido o primeiro, com Ronald de Carvalho), e da Centauro, no ano seguinte (Introdução a Orpheu, 2ª ed. 1989, pp 5-6; Tentativa…, 1916, pp. 7-12). Durante a adolescência foi condiscípulo de Mário de Sá Carneiro no Liceu de S. Domingos, onde concretizou uma parte significativa da sua formação escolar. (M. P. Silva, Montalvor, Luís de, 2008, pp. 486-487). A sua actividade ter-se-á iniciado com a publicação de uma Plaquete alusiva à Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, dada à estampa no mesmo ano, ou no ano seguinte (A Revolução…, s.d). Com o nome de Luís Ramos, publicou, em 1911, A Noite de Satan e, em, 1912, A caminho, conjunto de poemas de cunho tradicionalista.

Arnaldo Saraiva aventa a possibilidade do poeta ter sido secretário particular do padrinho Bernardino Machado (A. Saraiva, Idem, pp.172-173). Quando voltou a Lisboa fez parte do grupo de Mário de Sá-Carneiro. No entender de Manuela Parreira da Silva, aquele teve a iniciativa de fundar a Orpheu, sendo de sua autoria o nome da publicação. Luís de Montalvor e Ronald de Carvalho comparecem como directores, talvez por razões estratégicas, que se prendem com a ligação de ambos ao Brasil (R. Sousa, Os bastidores…, 2011, pp. 25-26; J). Em 1925 e 1926 foram publicados poemas de Montalvor na Athena e na Contemporânea.

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