Nos meios literários e editoriais ligados ao modernismo existia, eventualmente, uma relação entre um sentido do tempo histórico e o experimentalismo estético. Montalvor foi fundador de duas editoras: a Centauro, em 1916, onde expôs uma estética decadentista e, em 1930, a Ática, em que foram publicadas duas obras historiográficas de relevo: a História do Regime Republicano em Portugal e A arte indígena portuguesa, em colaboração com Diogo de Macedo (História…, 1930, pp. 5-8; A arte…, 1934). No texto introdutório ao primeiro trabalho começa por distinguir duas dimensões conciliáveis da história, a narrativa e a pesquisa da causalidade: «Da História (…) concorrem dois modos de ser (…): um (…) evoca e desenha (…) factos, acontecimentos (…); outro (…) determina as causas (…)» (Advertência a História…, p. 5). A História do Regime Republicano (…) foi dada à estampa em plena Ditadura Militar, em fascículos, enquanto decorria a publicação da História de Barcelos. A História do Regime Republicano (…) defendia a República. Nela participaram Jaime Cortesão («Factores Democráticos na Formação de Portugal»), Agostinho Fortes («Vida política do povo português de 1500 a 1820»), Joaquim de Carvalho («Formação da Ideologia Republicana»), Francisco Reis Santos («consciência nacional»), Luz de Almeida e Afonso Bourbon e Meneses (sobre sociedades secretas e o movimento republicano). Este trabalho resultou incompleto, no entender de Luís Reis Torgal, que o considerou menos uma obra historiográfica do que «(…) apologia (…) do regime caído (…)» (L. R. Torgal, A História em tempo de Ditadura, 1996 pp. 273-274). Esta obra pode ser relacionada com a História da Expansão Portuguesa no Mundo, ideologicamente mais heteróclita, dada à estampa pela Ática em três volumes, entre 1937 e 1940, dirigida António Baião, Hernâni Cidade e Manuel Maria Múrias.

No ano de 1935 faleceram Ronald de Carvalho e Fernando Pessoa. Montalvor pronunciou-se sobre ambos no Diário de Noticias. O estudo de Montalvor sobre o poeta dos heterónimos intitula-se Para o túmulo de Fernando Pessoa. Breve ensaio sobre o perfil da sua Eternidade: «Fernando Pessoa (…) é o estrangeiro lúcido de si mesmo (…)» (MONTALVOR, Para o túmulo…, 1936, p. 79).

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