Saliente-se a, título de exemplo, a temática ligada à engenharia que integrou o exército de Junot na invasão de 1807. Aí encontramos subsídios para a história da Legião Portuguesa ao serviço de Napoleão, biografias de Beresford e Soult, estudos sobre a maçonaria portuguesa na época das invasões, sobre as defesas de Lisboa, ou sobre as Linhas de Torres Vedras. Nesse precioso conjunto sobressai o Diário de Junot em Portugal ou seja o conjunto de cartas enviadas por este chefe militar a Napoleão a partir de 10 de Outubro de 1807 quando ainda se dirigia, com o seu exército, a caminho de Lisboa, até 7 de Junho de 1808 da Convenção de Sintra e posterior saída de Junot do território nacional. Este conjunto de documentos é publicado em língua francesa e deve salientar-se entre os estudos que Cristóvão Ayres nos oferece na sua volumosa e valiosa obra.

Na sua Teoria da historia da civilização militar procura mostrar “como as grandes épocas da humanidade foram os memoráveis períodos de luta”, correspondendo às seguintes figuras: Sete I e Ramsés II, com Nabucodonosor, com Ciro e Darío I, com Temistocles, com Alexandre, com Epaminondas e Xenofonte, com Mário e Júlio César, com Carlos Mágno, com Gonçalo de Córdova, com Afonso de Albuquerque, com Carlos V, com Gustavo Adolfo e Turene, com Frederico II, com Napoleão I, com Moltke, com Kuroki” (4ª ed., 1915. p. 8). O conceito de progresso está bem presente na sua narrativa: “… O inato instinto da sociabilidade, comum a outros animais, o interesse de assegurar e proteger as aquisições já realizadas e a família já constituída, levam-no [o homem] a congregar-se com unidades de força colectiva, e assim se estabelece a segurança e a paz, pelo mútuo respeito e conveniências mútuas. Adquirido este estado de segurança, nascem naturalmente as relações comerciais; vem a permuta dos produtos entre as localidades que os apresentam diversos, segundo a sua particular aptidão, as matérias primas de que dispõem, ou mesmo a produção especial do solo. O instinto artístico que, como o da conservação, da reprodução e o religioso, se revelou desde os mais remotos inícios da humanidade, vai-se desenvolvendo, e, de escala em escala, de degrau em degrau, produz verdadeiros deslumbramentos!” (p.12).

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