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Alexander von Humboldt foi uma das figuras intelectuais mais marcantes do seu tempo, deixando em vida um imenso repositório de informação e de métodos para os cientistas que lhe sucederam. Viajante, escritor, orador, cortesão, naturalista, influenciou decisivamente os campos epistemológicos da ecologia, geografia e da história europeia dos descobrimentos, tanto na reflexão teórica sobre as matérias em debate, como no estabelecimento de redes internacionais de transmissão de tais saberes. Nascido em Tegel em 1769, numa propriedade de campo da família, “filho do Iluminismo alemão”, estudou nas academias comercial de Hamburgo e mineira de Freiberg e nas universidades de Frankfurt e Göttingen. A sua viagem por Espanha, América do Sul e Central, bem como aos Estados Unidos, entre 1799 e 1804, permitiu-lhe travar conhecimento com Carlos IV e a família real espanhola, o arquivista e historiador Muñoz e com Thomas Jefferson, o erudito presidente norte-americano. De regresso a Paris e a Berlim (aqui, desempenhando as funções de conselheiro, camareiro e diplomata), vai ocupar boa parte da sua longeva existência a publicar livros sobre os materiais e impressões recolhidos e a prosseguir a formação de um colossal epistolário de cerca de cinquenta mil cartas (Sandra Rebok, Humboldt and Jefferson…, 2014, pp. 5, 7-11, 13 e 53 e Andrea Wulf, A invenção da Natureza, 2016, pp. 15 e 24-25). Para a história da ciência e da historiografia dos descobrimentos, importa reter que o abusivamente chamado barão de Humboldt (Sandra Rebok, Humboldt and Jefferson… 2014, p. 47) manteve relações epistolares e conheceu o abade José Francisco Correia da Serra (1750-1823) e o 2º visconde de Santarém (1791-1856), para além de ter influenciado, com as suas viagens, a descoberta de um Brasil fechado aos estrangeiros até à chegada da corte ao Rio de Janeiro e ao matrimónio do herdeiro da coroa com uma arquiduquesa austríaca (em 1808 e 1817, respectivamente). Mesmo não tendo cruzado a fronteira entre as Américas espanhola e portuguesa, Alexander von Humboldt contribuiu decisivamente, pelos seus relatos na primeira pessoa, impressos e orais, para o florescimento de um fascínio popular e científico por um Brasil desconhecido, que missões culturais e científicas francesas e austríacas iriam procurar desbravar, sob a regência e reinado de D. João VI. |
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