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Alexander von Humboldt é sobretudo conhecido, em Portugal, por causa da questão da prioridade dos descobrimentos portugueses e da respectiva ciência náutica. Humboldt não foi historiador, nem possuiu preparação específica para a confrontação crítica de textos (base do exame que se propôs fazer da história das Américas). Não dominou a língua portuguesa, o que o impediu de conhecer, em primeira mão, os textos fundamentais dos descobrimentos do século XV (1420-1492). Mantém, em 1847, no vol. II da edição francesa do Cosmos, que a ousadia (hardiesse) de Cristóvão Colombo constituía o primeiro dos anéis da cadeia sem fim dos misteriosos acontecimentos que constituíram os descobrimentos portugueses (Joaquim Bensaúde, Les legendes…, p. 223 e n. 3). O propósito principal do Examen critique de sur l’histoire de la Géographie du Nouveau Continent… parece ter sido, segundo Armando Cortesão, “a glorificação de Colombo, Vespúcio e Behaim [Martinho da Boémia]”. Armando Cortesão qualifica a obra como aquela que “indubitável e extraordinariamente mais contribuiu para pôr em relevo a importância da história dos descobrimentos e suas ligações com a história da cartografia” (História da Cartografia Portuguesa, vol. I, 1969, p. 27). O visconde de Santarém tem clara noção de que a obra em causa, o Examen critique…, contém falhas metodológicas, sobretudo a nível da organização expositiva dos argumentos. Comenta: “Entretanto, é para lamentar que este trabalho colossal não seja metódico. M. Letronne [conservador da biblioteca real de Paris, professor do Collège de France e revisor da edição francesa de 1836-39], que é um dos seus maiores amigos, perguntando-me a minha opinião, não esperou a resposta e disse n’est ce pas que l’ouvrage de notre ami est un puits d’érudition et de confusion?” E o barão Walckenaer parece antecipar o que no ano seguinte será escrito acerca da necessidade de colocar lado a lado os dois textos, o do prussiano e o do português: “Walckenaer, o homem mais sábio nestas matérias e amigo de Humboldt, escreveu-me últimamente dizendo-me: «J’ai été charmé de voir dans votre dernière partie sur Vespuce [Recherches critiques sur Améric Vespuce…] autant d’érudition que de logique. Je me propose de vous relire lorsque Mr. de Humboldt terminera ses éternels épisodes, a fin de pouvoir en parler de tous les deux dans le Journal des Savants et dans les Annales des Voyages»”. |
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