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Poucos anos mais tarde, o historiador apresentou os resultados da sua investigação sobre a Primeira República numa tese de doutoramento de Estado, dirigida pelo professor de literatura portuguesa Claude-Henri Frèches e defendida em 1976 na Université de Provence-Aix-Marseille, no âmbito da sua apresentação ao cargo de professor catedrático. Intitulado Idées et Politique au Portugal sous la Première République (1910-1926). La crise portugaise et l’idéologie de Salut national, este avultado trabalho debruça-se sobre a crise portuguesa nos seus aspetos políticos e económicos durante o regime republicano, assim como as teorias da « regeneração » ou mesmo da « salvação » nacional defendidas pelos mais diversos pensadores lusos da época. Destaca-se, no entanto, aparticular atenção dadaaos seaeiros ou aos integralistas,dos quais sobressaemAntónio Sérgio, Raúl Proença, António Sardinha e Hipólito Raposo, que mereceram a acrescida atenção do historiador. Desta forma, além da análise das principais ideiais políticas defendidas por esses pensadores edo estudo da crise económica e institucional vivida durante a Primeira República, Albert-Alain Bourdon ofereceu uma estimulante descrição da narração da crise construída pelos principais intelectuais da época. Por outro lado, defendeu a tese segundo a qual, não obstante as numerosas « profissões de fé racionalistas » proferidas por boa parte desses intelectuais, todos tiveram tendência a manterem-se « presos » atoda uma mística providencialista da história nacional, cujos tópicos e coordenadas principais teriam, no fundo, sido simbolicamente fixados por Camões nos Lusíadas. Paralelamente, Albert-Alain Bourdon também publicou, entre outros trabalhos, vários contributos dedicados ao pombalismo ou ainda à história do Institut d’Études Portuguaises et Brésiliennes da Sorbonne, dos quais fizeram parte artigos biográficos sobre os “pais fundadores” do Institut como Raymond Cantel e Léon Bourbon. Mais recentemente, voltou a publicar uma Histoire du Portugal (1994). Consideravelmente aumentada em relação à primeira lançada em 1970, esta segunda Histoire du Portugal foi atualizada e reeditada três vezes(2010, 2013 e 2015), tornando-se uma obra de referência para os estudiosos franceses interessados em conhecer a história portuguesa nas suas linhas gerais. Uma quarta versão do livro realizada, desta feita, em colaboração com o historiador francês Yves Léonard foi publicada em 2019. Entretanto, a obra foi traduzida e publicada em Portugal, onde também já se sucederam, paralelamente às novas edições francesas, quatro edições atualizadas (2011, 2012, 2013, 2015) que, de certo modo, proporcionaram no nosso país o devido reconhecimento intelectual a um dos principais artesãos do desenvolvimentodos estudos levados a cabo em França nos últimos cinquenta anos sobre a história portuguesa. |
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