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BOURDON, Albert Alain Lisboa, 1932 |
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Começando por evocar as povoações pre-históricas, a romanização e as invasões bárbaras, o livro centra-se no período compreendido entre conquista árabe e o final da década de 1990, com uma breve incursão final no início do século XXI. A introdução sustenta a tese segundo a qual a história portuguesa é caracterizada por dois « traços fundamentais » : o pioneirismo de Portugal nos seus primeiros séculos de existência e o seu atraso nos séculos mais recentes. A trama geral da obra tende portanto a realçar a precocidade dos Portugueses no estabelecimento das suas fronteiras, no fomento da revolução « burguesa » do século XIV e no início da expansão marítima, enquanto que vieram, em contrapartida, a acumular um atraso geral em relação ao outros povos europeus a partir do século XVII. Esse « imobilismo », que viera substituir o pioneirismo dos séculos XII a XVI, terá sido ilustrado, entre outros acontecimentos, pela demorada industrialização do século XIX, ou pelo atraso da democratização e desmantelamento do império no século seguinte. Ao debruçar-se sobre os principais episódios da história nacional, Albert-Alain Bourdon começou por perfilhar a tese martiniana sobre o voluntarismo dinástico na origem da formação do reino lusitano. Por outro lado, também destacou nesse particular a importância do desenvolvimento da língua portuguesa, que terá constituído « uma fronteira linguística » complemento das fronteiras terrestres. É, aliás, sob o prisma da consolidação da independência de Portugal na península Ibérica, que o historiador abordou a expansão marítima. Focalizando-se depois nos períodos em que, longe da precocidade dos « feitos » alcançados nos primeiros séculos de existência, Portugal terá entrado numa fase menos dinâmica da sua história, Bourdon aborda a revolução liberal de 1820 como uma forma de prolongamento mal sucedido do liberalismo espanhol, assim como vê na Primeira República portuguesa, uma espécie de transposição falhada da Terceira República francesa. Por sua vez, o advento da Estado Novo nos anos 1930 é associado pelo historiador ao resultado da influência sobre as elites lusas do fascismo italiano e da ditatura espanhola de Primo de Rivera. Alicerçado na « força de caráter » e « excecional personalidade de Salazar », o Estado Novo é também assinalado na Histoire du Portugal como um regime autoritário cuja eficiência inicial foi rapidamente suplantada pela prolongada agravação de uma « esclerose » conservadora simétrica ao envelhecimento do seu ditator ; uma esclerose condicente com a « fixidez » passadista que, segundo a introdução livro, caracteriza a história portuguesa do fim da expansão marítima até, pelo menos, a revolução de 1974. |
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