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Vedado o exercício da docência, restou a Augusto da Costa Dias pesquisar e escrever. Mas até estas atividades foram muitas vezes restringidas, devido à repressão política de que o meio cultural era alvo. Costa Dias decidiu então focar-se em atividades profissionais que abrangiam toda a promoção cultural: tornou-se, como o designou Alexandre Cabral num artigo de homenagem na Seara Nova, um “fomentador cultural” de relevo nos meados do século XX. Este papel pode verificar-se em vários registos. O primeiro está ligado ao meio editorial. Na década de 1950, criou, com António José Saraiva, uma editora e distribuidora chamada “Guilda do Livro e do Disco”, a coberto da qual circularam obras proibidas em Portugal. Após a partida de Jorge de Sena para o Brasil, Costa Dias ocupou, a partir de 1959, o cargo de diretor literário na Portugália Editora que deteve até 1968. Aí criou a “Coleção Portugália”, onde publicaram historiadores que encontravam dificuldades de edição – Borges Coelho, José Tengarrinha, Oliveira Marques, Joel Serrão, Victor de Sá, entre outros. Lançou ainda outras coleções literárias para poetas e romancistas como Mário Dionísio, José Gomes Ferreira, Vergílio Ferreira, Alves Redol e José Régio. Também nesta editora, tradicionalmente dedicada à] de publicação de antologias ou de reedições, salientem-se algumas obras onde Costa Dias apresentou reedições, sobretudo focadas no século XIX. Títulos de Trindade Coelho, como O Senhor Sete, de Basílio Teles, como Do Ultimatum ao 31 de Janeiro e as Memórias políticas, ou de Almeida Garrett, como O Roubo das Sabinas e Viagens na Minha Terra, no âmbito das obras literárias do escritor romântico. Para este último livro, Costa Dias foi proibido de consultar a edição original da obra na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (foi Maria Helena da Costa Dias, sua mulher, quem consultou a obra, usando o apelido de solteira). Mas já não conseguiu levar a efeito, por antecipada dissuasão da censura, uma edição em vários volumes da Obra Política de Almeida Garrett, depois de dar a conhecer o índice da coleção difundido em folheto. Publicou, no entanto, a coletânea de Discursos sobre a Liberdade de Imprensa no Primeiro Parlamento, onde podemos entrever uma crítica à censura salazarista, adquirindo assim valor de arma política. Muitas dessas edições de caráter historiográfico, de sua autoria ou de outros autores, eram introduzidas por Augusto da Costa Dias e incluíam valiosos índices onomásticos e temáticos, o que não era habitual no meio editorial português. O trabalho de fomentador cultural incidiu também na tradução de livros, inserindo-se neste âmbito A Vida Quotidiana no tempo da Revolução Francesa de Jean Robiquet (1962), A Vida Quotidiana no Tempo de Luís XIV de Georges Mongrédien (1963) e Palestina, Liberdade ou Morte de Ania Francos (1970). Os dois primeiros trabalhos foram publicados na Editora “Livros do Brasil” e o último numa publicação da Seara Nova. Nos dois primeiros livros as temáticas estão ligadas à História, abordando os contextos histórico-culturais da Revolução Francesa e do tempo de Luís XIV. Enquanto a obra de Ania Francos remete para o contexto da sua contemporaneidade no que concerne aos conflitos entre palestinianos e israelitas. Para além destas traduções acrescentamos as suas crónicas na imprensa portuguesa nos jornais Diário de Lisboa, República, Vértice, Seara Nova. Augusto da Costa Dias usou, nesta última revista, pseudónimos como Ângelo Bravo e João da Ega. Desenvolveu também várias crónicas dedicadas à juventude publicada nas seções “DL juvenil” do Diário de Lisboa e “República Juvenil” na República. A escrita destas crónicas, de vital importância para si, constituía um modo de dialogar com o público uma vez que não podia exercer a atividade de docente. |
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