De origem burguesa, filho do professor Raul Dória, o autor concluiu o curso geral do Comércio na escola profissional dirigida pelo seu pai, aos 16 anos, em 1919, encetando actividade docente na referida instituição a partir do ano seguinte. Exerceu, em seguida, a profissão de Guarda-Livros. Em 1929 casou e, em seguida, fixou residência em Braga, cidade na qual regressou ao ensino técnico-profissional, em 1938. O estudioso desenvolveu um perfil humanista, contemplando áreas tão distintas como a contabilidade e o seu ensino, a produção de dicionários, a tradução e a escrita da história. Trata-se de um autodidacta neste último domínio. Esta situação era bastante comum e manteve-se paralela à historiografia universitária, englobando, maioritariamente, jornalistas e literatos.

Dória manifestou, desde cedo, vivo interesse pela investigação e divulgação da cultura nacional, evidenciando interesse bibliófilo e uma propensão simultaneamente ensaística e erudita, atenta à actualidade, ao quotidiano, mas também ao passado, sem esquecer a conciliação de uma narrativa dos acontecimentos com o rigor metodológico e a expressão contida de opinião. O autor trabalhou no âmbito da tradução desde o dealbar da década de 30, colaborando, mais tarde, na colecção de edição de fontes históricas da Livraria Civilização e no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão (caso de “Afonso VI”, 1963, pp.44-46).

A obra historiográfica deste estudioso pode ser dividida em dois momentos principais, o primeiro entre os anos 40 e 70 do século XX e o segundo desde o final desta última década em diante. Naquele lapso temporal, dedicou-se a temáticas da história moderna, de incidência política, privilegiando uma abordagem cronológica, narrativa e descritiva, próxima de uma análise tradicional. Na segunda fase, a história e historiografia contemporâneas impuseram-se, desenvolvendo Álvaro Dória um trabalho que privilegiou a história da cultura, perspectivada de modo mais opinativo, aberto a uma problematização, discreta mas efectiva. Desde os anos 40, o autor revelou rigor exegético na crítica de fontes, elegendo o dealbar da expansão ultramarina como época áurea, considerando que a dominação filipina representava o oposto, ao qual a Restauração pusera cobro.

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