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Historiador, romancista, advogado, político e industrial, Joaquim Felício dos Santos nasceu no dia lº de fevereiro de 1828 em Serro (antiga Vila do Príncipe), Minas Gerais, Brasil. Seus pais foram Antônio José dos Santos, ex-administrador da Casa Fundição do Ouro, e Maria Jesuína da Luz. Santos compunha a elite econômica local. A família dele comercializava ouro, pedras preciosas, e exerceu grande influência política regional no século XIX. Em 1838, seus familiares mudaram-se do Serro para a vizinha Diamantina (antes chamada Vila do Tejuco). Posteriormente, com a crise da mineração a partir dos anos 1870, investiram na indústria têxtil. O historiador fez os primeiros estudos em Diamantina. As séries fundamentais foram concluídas no município de Congonhas do Campo (atual Congonhas). Em seguida, na cidade de São Paulo, no estado vizinho, cursou Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas do Largo de São Francisco. No retorno à Diamantina, Santos passou a advogar e dar aulas de matemática, português, francês, história e geografia (no Seminário Episcopal e no Ateneu de São Vicente). Em 1860, criou o semanário O Jequitinhonha (nome de importante rio da região). De 1860 a 1864, nesta folha, Joaquim Felício dos Santos publicou principalmente comentários críticos ao Segundo Reinado, artigos veladamente republicanos, narrativas de cunho histórico e produções literárias, em forma de folhetim. Depois de quatro anos sem circular, o jornal retorna em 1868 com tom mais radical contra a escravidão, contra a monarquia e de forma mais incisiva pela república, até 1872, quando a folha deixou de existir. De textos de duas colunas da primeira fase do jornal, com poucas modificações, foram publicados Acayaca 1729 (1866), em que mescla romance ficcional e história a partir de uma lenda indígena, e Memórias do Districto Diamantino da Comarca do Serro Frio (1868), a mais importante contribuição de Joaquim Felício dos Santos para a historiografia. Nesta obra, o autor caracteriza a atuação da Coroa Portuguesa no controle do que era extraído na região diamantina, do século XVIII ao início do século XIX. Além do uso de documentos de arquivo público (normas, comunicações, nomeações, registos contábeis, inquéritos criminais autos de prisão, processo de separação), Joaquim Felício dos Santos lançou mão de folhetos e fontes orais, para construir sua escrita, cujo estilo foi comparado ao historiador francês Augustin Thierry, conforme prefácio de Joaquim Ribeiro à terceira edição de Memórias... (1956). Tais características fizeram com que as páginas do livro abrigassem também atores de camadas sociais mais baixas da sociedade diamantinense. A obra apresenta costumes, conflitos locais, e dá pistas sobre formas de resistências dos setores mais pauperizados, ao retratar personagens populares e marginais, como os garimpeiros, geralmente negros, que sobreviviam fora da lei, a extrair pedras preciosas. |
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