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Pierre Hourcade, que desempenhou um relevante papel histórico-cultural ao longo da vida, tem um percurso intelectual fortemente ligado à literatura portuguesa. Muito cedo teve a sorte de frequentar a geração da Presença, e particularmente José Régio, Adolfo Casais Monteiro e João Gaspar Simões, pondo-o este em contacto com Carlos Queirós, sobrinho de Ofélia, que o apresenta a Fernando Pessoa, já em 1930. Nesse mesmo ano, numa pequena revista parisiense de breve duração, Contacts, Hourcade narra o seu encontro com o poeta, a quem deve, diz, a sua vocação de lusitanista. Mas é em 1933, na revista marselhesa Cahiers du Sud, que dá a conhecer aos franceses o itinerário de Fernando Pessoa numa penetrante análise, que intitula Brève Introduction à Fernando Pessoa, seguida da tradução de cinco poemas, um dos quais do ortónimo. Em 1931, Hourcade tinha oferecido aos leitores dos Cahiers uma bela Défense et illustration de la poésie portugaise, primeira apresentação em França do modernismo português, completada na pequena revista Yggdrasil em 1938 sob o título Panorama de la poésie portugaise moderne. Na Défense, depois de denunciar a confusão que ainda existia nos espíritos entre Espanha e Portugal, mostra como neste país história e poesia estão intimamente ligadas, e insiste no cosmopolitismo da literatura portuguesa sublinhando nela a importância da França. Na Introduction a Pessoa, caracteriza o criador dos heterónimos como “o mais europeu” dos poetas lusos, analisando subtilmente a saudade como coração da heteronímia, mas salientando ao mesmo tempo que este “planeta solitário” /.../ é o mais digno da universalidade dos poetas portugueses do nosso tempo”. |
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