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O seu percurso biográfico esteve sempre ligado à actividade política, jornalística e aos estudos históricos. Nasceu em Portimão (12/04/1932), tendo frequentado em Faro o curso liceal que completaria no Liceu Charles Lepierre em Lisboa, para onde viera aos 17 anos. Cedo se envolveu numa intensa actividade política de oposição ao regime político no poder, quando ainda estava no Algarve, no MUD juvenil. Anos mais tarde, viria ser encarcerado na colónia penal de Penamacor, depois de ter sido expulso do corpo de oficiais milicianos, acusado de praticar actos políticos que colocavam em perigo a segurança do Estado. Membro da oposição tanto ao governo salazarista como marcelista, interveio no MUD, sendo um dos fundadores do Movimento Democrático Português (1960). Ao longo da sua vida foi várias vezes preso pela polícia política (PIDE), estando no 25 de Abril de 1974 encarcerado em Caxias, em regime de isolamento e incomunicável, e saindo em liberdade dois dias depois. Mas regressemos à década de 1950. Durante a sua intermitente frequência do curso de licenciatura, motivada pela sua actividade política e jornalistica interessou-se pela história oitocentista, um dos tópicos de investigação que recorrentemente visitou ao longo da sua carreira académica. Participou na revista Vértice, e desde 1953 foi jornalista profissional no jornal República. Aquando dafundação do Diário Ilustrado (1956) passa a integrar o seu corpo jornalístico. Em 1958, licenciou-se em Histórico-Filosóficas na Faculdade Letras da Universidade de Lisboa, com uma tese intitulada António Rodrigues Sampaio, Desconhecido. Dois anos depois seria chefe de redação do Diário Ilustrado, sendo em dezembro desse mesmo ano preso por motivos políticos. Participa em outras publicações na revista Vértice onde conviveria com nomes da cultura portuguesa, como Júlio Pomar, António Saraiva, ou Maria Lamas, e na Seara Nova. Logo no início da sua participação nesta publicação, no número comemorativo do cinquentenário da República (nº1378-79-80-Set/Out.1960), escreveu um artigo sobre José Félix Henriques Nogueira - O primeiro republicano português, que surge na sequência dos artigos de António Saraiva - República desconhecida, e Maria Lamas - Primeiras leis da República e a Mulher. Ainda nesta revista, inicia, em 1961, a publicação de um extenso ensaio sobre tradição e revolução, a partir da análise da figura de Mouzinho da Silveira. José Tengarrinha continuava, assim, a revisitação da história oitocentista portuguesa, retomando aquele que fora o objecto da sua tese de licenciatura. Também na Seara Nova, desenvolve crítica de obras historiográficas de autores como Vítor Sá, Jacinto Baptista ou Flausino Torres. Para o Diário de Lisboa redige uma série de artigos sobre António Rodrigues Sampaio, os quais foram premiados, em 1962, pela Associação dos Homens de Letras do Porto. Ainda em 1961, a par da sua intensa actividade jornalística, leccionou no ensino técnico. No final do ano, em Dezembro, foi encarcerado no Aljube, pela polícia política, tendo sido torturado e permanecido incomunicável. Saiu dois meses depois, sob proibição de exercer a sua actividade profissional. No ano seguinte, a Fundação Calouste Gulbenkian concedeu-lhe uma bolsa de estudo por três anos para prosseguir as suas investigações em torno da História de Portugal oitocentista. A sua acção cultural continuaria a desenvolver-se por diferentes tipos de intervenções, nomeadamente através da difusão da investigação que estava a ser produzida no seio da academia. A sua participação, seja como fundador seja posteriormente como director do Centro de Estudos do Século XIX do Grémio Literário (1969-1974), é disso exemplo. |
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