Após as suas investigações, Kellenbenz publicou o trabalho intitulado Unternehmerkräfte im Hamburger Portugal- und Spanienhandel 1590-1625 [Forças empreendedoras no comércio hispano-hamburguês e luso-hamburguês 1590-1625]. Este trabalho reflecte a maior atenção que Kellenbenz dava às acções de indivíduos na sociedade, visão que serviu como ponto de partida para as suas análises históricas. Deste modo, sendo visível esta linha na sua produção historiográfica, recusou a corrente historiográfica que começava a dar um maior relevo à sociedade numa perspectiva global. Rejeitou assim uma historiografia estrutural pura e continuou com a tradição germânica de produzir e escrever história baseada em fontes e no individualismo ao longo da história (Leopold von Ranke). Nesta perspectiva, a sua atitude pode situar-se em contra-corrente da historiografia alemã na época pós Segunda Guerra Mundial que, começava a dar maior importância à história social.

Criticando a matriz de Kellenbenz, historiadores como Hans-Ulrich Wehler (1913-2014) sentiam que ele era um “tradicionalista congelado que continuou com o historicísmo ultrapassado e pouco moderno”. Visto que o próprio Kellenbenz nunca se pronunciou sobre a sua visão da história, nem ensinou uma só corrente específica ao longo da sua carreira profissional, afigura-se impossível determinar e caracterizar as sua obras dentro de uma matriz específica nacional alemã ou internacional. Ele mesmo ficou interessado em apreender e acompanhar o desenvolvimento teórico e historiográfico. Resumindo a sua ampla produção historiográfica, pode dizer-se que, na maioria das obras, Kellenbenz utilizou o individualismo histórico, dirigindo o seu interesse para o estudo de grupos étnicos e sociais, na sua maioria mercadores internacionais e a sua acção e importância ao nível internacional a partir da idade média e até a época moderna, incluindo minorias pelo uso de métodos prosopográficos.

Aquando das suas investigações em arquivos portugueses, Hermann Kellenbenz travou conhecimento, em 1958, com Virgínia Rau, fundadora em 1958 do Centro de Estudos Históricos (Instituto de Alta Cultura), anexo à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Ao mesmo tempo, A. H. de Oliveira Marques, que era aluno da Virgínia Rau na Faculdade de Letras, e estudava as relações económicas entre Portugal e a Liga Hanseática durante a Idade Média, foi passar um ano de estudos na Universidade de Würzburg, onde Kellenbenz era professor de História. Tornou-se orientador da tese de Oliveira Marques, relativa aos arquivos e bibliotecas alemãs e desenvolveram uma amizade que durou até à morte do Kellenbenz.

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