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PEREIRA, Francisco Maria Esteves | |||||||||||||
Mas foi no campo da literatura oriental, especialmente na etiópica, que mais se destacou. Traduziu e publicou textos biográficos, relativos a alguns monarcas da Etiópia, como foi o caso de História de Minás, Crónica de Susenyos, ou a Canção de Galavdevos. Publicou e traduziu igualmente diversos textos etiópicos de cariz religioso, dos quais se apresentam alguns exemplos: Duas homílias sobre S. Tomé, atribuídas a S. João Crisóstomo, Vida de S. Paulo de Tebas; sendo que nalguns casos traduziu os textos para francês, o Livro de Ester, por exemplo. Conhecem-se duas dezenas de textos de Esteves Pereira baseados em originais etiópicos. A sua obra teve projeção internacional e correspondeu-se com vários autores estrangeiros de renome. Também a história da ciência mereceu a atenção de Esteves Pereira. Entre 1911 e 1913, reimprimiu, na Revista de Engenharia Militar, os dois tratados que Pedro Nunes dedicou à carta de marear, incluídos no primeiro livro que deu à estampa em 1537, o Tratado da Esfera. Esta iniciativa representa as primeiras reimpressões contemporâneas dos referidos tratados e foram acompanhadas de estudos introdutórios, da autoria de Esteves Pereira, nos quais se nota a sua superior formação em matemática. David Lopes, num estudo que dedicou à faceta orientalista de Esteves Pereira realçou esta caraterística do biografado, referindo que os seus textos apresentavam sempre uma linguagem matemática, mesmo quando se tratava de estudos sobre literatura: «O escritor era naturalmente assim também. A frase era descolorida; era a transplantação para o campo literário do processo matemático da demonstração: precisa e clara, pois, como ele. […] Não era, pois, um homem de letras, na sua forte acepção, mas tam somente o cientista que tratava de matéria literária. Não é que a ciência seja incompatível com as letras: pelo contrário, há em todos os países homens de ciência que foram grandes escritores. […] Mas Esteves Pereira não quis sêr um desses: não quis fazer arte, mas ciência, apesar de muitos dos seus estudos terem o sub-título de literários. A matéria é que o era, não a forma». (David Lopes, Um orientalista português (F. M. Esteves Pereira), pp. 5-6.). David Lopes conheceu pessoalmente e conviveu com Esteves Pereira, até porque tinha interesses de estudo semelhantes. Refere-se a ele como uma pessoa discreta, que se prejudicava por isso, junto daqueles que julgam os outros pelas aparências. David Lopes menciona a doença que começou a debilitar Esteves Pereira a partir de 1922 e da qual viria a falecer em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1924. |
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