| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
PINHO, José Wanderley de Araújo | |||||||||||||
Da arte de bem receber à decoração requintada, do ambiente de cordialidade entre políticos rivais até as últimas invenções da moda, passando pela descrição de festas, jogos e saraus, Wanderley oferece um saboroso inventário das práticas de sociabilidade, dos costumes e dos valores da chamada “boa sociedade”. Para além disso, ele joga luz sobre o papel de primeira grandeza desempenhado pelo sexo feminino naqueles espaços, objeto de investigação bem pouco contemplado pela historiografia coetânea. Neste sentido, o historiador baiano se antecipa, por assim dizer, ao que hoje em dia se entende por estudos de relações de gênero. Wanderley Pinto expandiria ainda mais os horizontes de pesquisa, com a sua História de um engenho do recôncavo 1552-1944 (1946), cuja versão original foi premiada em 1º lugar, em concurso patrocinado pelo Instituto do Açúcar e do Álcool. Trata-se de trabalho de fôlego, em que Wanderley se debruça sobre a trajetória do Engenho da Freguesia (também conhecido por Matoim ou Novo Caboto), de propriedade de sua família e um dos mais importantes do Recôncavo baiano no período colonial, hoje tranformado em Museu do Recôncavo Wanderley Pinho. Para tanto, serviu-se dos relatos de antigos cronistas, de velhos códices e de testemunhos compulsados nos arquivos cartoriais brasileiros e portugueses. O exaustivo estudo busca apreender a vida do engenho na sua totalidade, tal a multiplicidade dos aspectos examinados pelo autor: a ação dos jesuítas, a distribuição de sesmarias, a Inquisição, os ataques de piratas, a ocupação holandesa, o trabalho escravo, o cotidiano da casa grande e a evolução da produção de açúcar ao longo da Colônia, do Império e da República. Enriquecida por farto material iconográfico, a contribuição é reconhecida pela densidade documental e pela clareza da exposição como uma das melhores análises do complexo econômico do Brasil agrário, escravocrata e mercantilista. Nos domínios da história política, a bibliografia deixada por Wanderley Pinho alcançou impacto moderado em relação à produção historiográfica sobre o Segundo Reinado, apesar da erudição dos seus textos. Já no âmbito da história social do Brasil sua obra é considerada pioneira. Seus trabalhos inspiram novos historiadores, sociólogos, geógrafos, etnógrafos e antropólogos, constituindo referência obrigatória para aqueles que se dedicam aos estudos de história regional e de relações de gênero. |
|||||||||||||