José Silvestre Ribeiro ocupa um lugar significativo no contexto da historiografia portuguesa, ainda que presentemente esteja quase votado ao esquecimento. Além de uma carreira político-administrativa profícua, em que aliou a escrita literária à indagação historiográfica, fixou um cunho indelével nos vastos enredos da história das instituições científicas e culturais nacionais. Filho de António Nunes Ribeiro e de Josefa Pereira da Silva, a quem seria averbado o bacharelato em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra. As suas convicções liberais evidenciaram-se depressa no ambiente universitário, tendo ingressado as fileiras do célebre Batalhão Académico em prol do estandarte liberal, mas seria constrangido a abandonar a Universidade logo após a Vilafrancada (27 de Maio de 1823) e a procurar refúgio no exílio.

Participaria na Belfastada (Junho-Julho 1828), mas, frustrada essa operação militar, juntar-se-ia aos contingentes vencidos que se refugiram na Galiza, de onde partiria para Paris. Aqui tentou retomar a sua formação académica, assistindo, entre outras aulas, às palestras de François Guizot (1787-1874) na Sorbonne, um dos grandes historiadores europeus do seu tempo, ensinamentos que marcaram a sua escrita historiográfica, contribuindo para a sua convicção europeísta dos destinos históricos de Portugal, tornando-o visceralmente crítico quanto às tendências pró-coloniais africanistas então em voga.

Após a chegada de D. Pedro IV aos Açores, partiria para Ponta Delgada, onde incorporou a expedição liderada pelo almirante George Sartorius (1790-1885), encontrando-se entre os 7500 bravos que desembarcaram no Mindelo, a 8 de Julho de 1832. No cerco do Porto destacou-se com bravura na defesa da Serra do Pilar, sendo condecorado com a comenda da Ordem da Torre e Espada (1832). Na etapa final das lutas liberais, integrou a expedição comandada por D. António Severim de Noronha (1792-1860), depois 1.º duque da Terceira, partindo do Porto e desembarcando em Cacela, no Algarve. Acompanhou as tropas até Lisboa, estando entre os primeiros soldados que entraram na capital, a 24 de Julho de 1833. Assinada a Convenção de Évora-Monte (23 de Maio de 1834), retomaria os estudos em Coimbra, sendo aprovado como bacharel (1834), beneficiando das dispensas deferidas aos combatentes liberais.

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