Consequentemente, José Silvestre Ribeiro daria continuidade a uma carreira ascendente, tendo sido administrador-geral de vários distritos, ministro da Justiça (1857), juiz vogal do Supremo Tribunal Administrativo (1875), culminando com a sua indigitação como Par do Reino (1882). Paralelamente, fora deputado por Angra do Heroísmo (1846; 1858-1859) e pelo Funchal (1848-1851; 1853-1856).

José Silvestre Ribeiro sustentou uma actividade cívica enérgica, tendo fundado a Sociedade Protectora dos Animais e o Montepio Geral, a cuja assembleia geral presidiu, sempre envolto numa aura indefectível, como José Germano da Cunha abonou: “As perturbações políticas soube vencê-las, soube dominá-las, não escoltado por baionetas ou canhões, mas apresentando-se só, intemerato, no pedestal da estima e consideração que lhe votavam, da fama de homem honrado e íntegro que o iluminava, do prestígio de seu nome que lhe abençoavam. Sem vacilar, sem resvalar um só momento, soube conservar-se sempre toda a altura da sua dignidade de sábio e de magistrado, de cidadão benemérito, cheio de abnegação e desinteresse, de patriota ardente, evangelizador de todas as mais belas conquistas do progresso” (O Conselheiro d’Estado Extraordinario José Silvestre Ribeiro, 1893, p. 36).

Como investigador, dedicou-se essencialmente a três áreas científicas centrais – os estudos administrativos, as indagações sobre literatura e a praxis historiográfica sobre as instituições ao longo da nossa história. Assim, ainda no campo da história das instituições, é considerado unanimemente como um visionário devido ao seu opus maior, ainda que incompleto, a Historia dos Estabelecimentos Scientificos, Litterarios e Artisticos de Portugal nos successivos reinados da Monarchia (vols. I-XVIII, 1871-1893), onde transparece uma busca incessante pela exactidão histórica: “Continuamos a empregar a necessária diligência para reunir a maior soma de esclarecimentos a respeito de cada um dos institutos, e para assentar as nossas asserções em sólidos alicerces, em testemunhos autorizados. Mas, se podemos afiançar o escrúpulo que preside ao nosso trabalho, nem por isso ousamos lisonjear-nos de satisfazer cabalmente ao nosso empenho” («Prólogo», vol. II, p. X). Aqui transparece uma ambição pelos trâmites e exigências de uma história documental, de matriz positivista e erudita, a qual tentou conter todas as instituições nacionais que revelassem características singulares no âmbito das Letras, Artes e Ciências em todos os reinados, mantendo-se uma ferramenta de estudo útil e fidedigna perante os cânones actuais.

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