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Pelos seus trabalhos perpassa a influência formativa de António Sardinha e do Integralismo Lusitano. Com Sardinha, de resto, corresponder-se-á com frequência no início dos anos 20, dando-lhe conta da atualidade lisboeta e com ele trocando várias impressões de índole política e historiográfica. A ligação a Sardinha terá sido bastante impressiva e é patente, por exemplo, na homenagem que Cavalheiro lhe fará em janeiro de 1958, na Emissora Nacional, por ocasião do aniversário da sua morte, ou na forma como a ele se continuará a referir enquanto “amigo e mestre” (Bilhete de 09.01.1958 a Ana Júlia Sardinha, Espólio A. Sardinha). A tese de licenciatura de Rodrigues Cavalheiro na Faculdade de Letras (Gomes Freire, mau português e mau soldado, 1928) reproduz largas passagens de um artigo que, com o título “À margem dum processo (A questão de Gomes Freire)”, tinha publicado, em 1922, na revista Nação Portuguesa, na linha revisionista que o Integralismo procurava então contrapor à historiografia liberal. Nele, Cavalheiro refere explicitamente pretender observar os “heróis liberais” de uma nova perspetiva – no caso, ligando o general a interesses estrangeiros e denunciando o que considerava uma construção de um herói fictício da historiografia liberal (Nação Portuguesa, II série, n.º 5, 1922, pp. 222-226). A sombra de António Sardinha é também percetível em artigos como “O génio peninsular” (NP, II série, n.º 4, 1922) ou “À margem da obra de Gil Vicente” (NP, III série, n.º 1, 1925, pp. 87-90), com traços hispanistas que acompanham a inflexão do pensamento do ideólogo do IL nos seus últimos anos de vida – embora haja passos que dará de forma distinta aos daquele, como a adesão, com Rolão Preto e Manuel Múrias, à Comissão 1.º de Dezembro (a partir de 1927, Sociedade Histórica da Independência de Portugal), relativamente à qual Sardinha manteve sempre distância. Em todo o caso, a morte deste, em 1925, coincide com o afastamento político de Cavalheiro relativamente ao movimento, mas não no que diz respeito às linhas de força dos seus trabalhos historiográficos. Efetivamente, já no final dos anos 30, em colaboração com João Ameal, recuperará as notas que Sardinha deixara para a redação da sua História de Portugal, num conjunto de textos intitulados Erratas à História de Portugal. Na introdução a esta coletânea, afirmará estar a "meter ombros a uma tarefa de flagrante sentido moral, intelectual e nacional, já que, citando o historiador de Monforte, justamente 'a melhor maneira de servir o seu país é amá-lo e defendê-lo na integridade da sua História'" (Erratas à História de Portugal, 1939, sem n.º de pág.). Significativamente, afirma também responder desta forma a uma “desnacionalização” levada a cabo pela historiografia dominante no século XIX e inícios de XX: “[…] durante o século XX [sic] […] os representantes da facção liberal vitoriosa entregaram-se a uma deformação sistemática da nossa História […] Todo o património essencial da comunidade portuguesa sofreu o ataque violento dos novos iconoclastas. Fez-se “história” com tudo: panfletos, calúnias, insídias maçónicas, falsidades, utopias subversivas, efeitos demagógicos de baixa retórica […]. Eis a absurda ‘História de Portugal’ que nos propomos emendar ou substituir.” (IDEM). |
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