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Publicou na Série Azul dos Cadernos de Repertório Coral Polyphonia várias primeiras edições modernas de obras polifónicas portuguesas dos séculos xvi-xvii , e dedicou a Série Amarela da mesma colecção a versões harmonizadas de sua autoria de canções tradicionais de várias regiões do país, continuando ambas as séries a constituir uma das bases do repertório dos nossos grupos corais amadores. Editou igualmente, na colecção Óperas, largas dezenas de libretos do repertório operático internacional, com tradução portuguesa e comentários introdutórios da sua responsabilidade. A sua obra ensaística é fortemente afectada pelas limitações da sua formação musicológica autodidáctica , que o impediram com frequência de perspectivar adequadamente a realidade musical em Portugal no contexto europeu e o conduziram a uma avaliação desenquadrada ( e muitas vezes anacrónica) das determinantes locais face às grandes correntes histórico-estilísticas internacionais em que se filiavam. Por outro lado, as suas convicções ideológicas, marcadamente conservadoras e próximas da tradição maurrasiana e do ideário do Integralismo Lusitano, levaram-no a adoptar como perspectiva de fundo da sua abordagem histórica a identificação da polifonia sacra dos séculos xvi e xvii e da canção tradicional como únicas bases autênticas de uma suposta «identidade musical portuguesa», que teria sido depois comprometida irremediavelmente com o advento do liberalismo. A aplicação apaixonada e voluntarista desta construção puramente ideológica obrigou-o a distorcer constantemente, de forma arbitrária e, por vezes, até caricatural, o significado histórico real dos objectos de estudo em que recaíam as suas simpatias ou antipatias políticas apriorísticas, como sucedeu com a sua sobrevalorização irrealista da projecção europeia de D. João IV como teórico, a sua apologia aberta da prisão de Damião de Góis pelo Santo Ofício ou a sua rejeição liminar da música portuguesa do século xix em nome dos princípios da latinidade católica. Contudo, a profunda erudição musical que foi acumulando no decorrer de uma longa carreira de investigação original e registando numa vasta bibliografia, no final do século de difícil acesso, faz de muitos dos seus trabalhos um objecto de consulta obrigatória para qualquer nova abordagem dos mesmos temas. Foi sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses, académico de número da Academia Portuguesa da História e condecorado com o grau de grande-oficial da Ordem de Santiago da Espada e com a medalha do Infante D. Henrique do Ministério da Marinha. |
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