Francisco Xavier da Silva Teles, o ‘mais ilustre representante da ciência geográfica do seu tempo em Portugal’ (H. Lautensach), foi o introdutor da Geografia no Ensino superior.

Goês de nascimento, Silva Teles tinha ascendência em Portugal. Completa a sua formação elementar e liceal na sua Goa natal. Em 1879 viaja para a Metrópole para frequentar, numa primeira fase, a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, completando o curso em Lisboa e logo ingressando na Marinha. Como médico naval, Silva Teles visita algumas das províncias ultramarinas portuguesas. Nesse âmbito funda e dirige o Hospital de Inhambane em Moçambique. Mais tarde, ajudaria também a fundar o Instituto Bacteriológico do Hospital da Marinha, fruto das preocupações higienistas que o animavam e partilhava com Câmara Pestana, seu condiscípulo da Universidade.

A formação especializada que, com Manouvrier, adquirira em Paris explica a sua preferência pelos estudos de Climatologia e Higiene que — sobretudo como docente e director da Escola de Medicina Tropical — encara como disciplinas fundamentais na organização de uma verdadeira ‘colonização científica’, tema que especialmente estimulará na Sociedade de Geografia de Lisboa. É desta concepção que nascem vários trabalhos sobre a necessidade de Estudos Coloniais Superiores em Portugal e, em especial, o extenso relatório sobre A transportação penal e a colonização, em que demonstra a ineficácia judicial, demográfica e política das penas de degredo então vigentes em Portugal. Em 1902 iniciaria o seu magistério na Escola de Medicina Tropical, que viria também a dirigir. Seria professor de Geografia do Curso Superior de Letras, instituição que a República substanciaria na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi igualmente professor de Geografia económica no Instituto Superior do Comércio, criado em 1911.

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