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Silva Teles não foi insensível à participação na vida cívica nacional, quer no âmbito da Universidade (de que viria a ser Reitor) quer em órgãos da decisão política. Como estudante universitário e jovem diplomado, é profundamente influenciado pelos ideais da Geração de 70 que então se afirmavam já de uma forma persistente. Adere calorosamente às homenagens do Centenário de Camões e é muito provável que a ‘crise do ultimato’ tenha não apenas exercido forte impressão no seu espírito ‘pró-ultramarino’ como robustecido a sua determinação em dedicar parte do seu esforço intelectual, pedagógico e institucional à ‘missão civilizadora’ de Portugal nas regiões tropicais, muito especialmente nas colónias de África. As diferentes concepções de ‘tempo’ presentes na Geografia de Silva Teles são decerto um ponto importante a tomar em consideração, justificando a sua presença num dicionário de historiadores. Tendo sido diversificada a sua vida profissional e agitada a evolução da Geografia no período correspondente, não é de estranhar vermos essas concepções variarem ao longo do tempo. Em Concepção das Unidades Geográficas é preponderante uma concepção ‘newtoniana’ do tempo mecânico, cíclico e repetitivo. A visão da vida social é a de um sistema dinâmico, homeostático, em que a natureza reage às modificações induzidas pela turbulência social, no sentido de repor a ordem natural da superfície da terra. As metáforas médicas (disponíveis a quem era médico de formação) estão presentes ao longo deste texto inicial e ao longo de toda a sua obra. Em ‘Conceito Científico da Geografia’, obra ‘mais original e amadurecida’ (O. Ribeiro), a concepção ‘evolucionista’ do tempo é já mais nítida. Imbuída do mesmo espírito que, em toda a Europa, caracteriza a Geografia como ciência e fundamenta a sua institucionalização académica, este texto, mais do que a tese que submeteu ao Curso Superior de Letras, revela a estabilização definitiva de Silva Teles nos cânones do Pensamento geográfico internacional do seu tempo, sob a influência geral e predominante da Anthropogeographie de Ratzel. É dentro desta concepção que publicará Rapport sur la climatologie inter-tropicale et les climats des colonies portugaises, obra em que pretende delimitar com clareza as áreas de possível ‘aclimatação europeia’ nas colónias africanas. |
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