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Flausino Torres pertence aos intelectuais cujos desejos foram quebrados pela mecânica do Estado Novo. Pela suspeita de ser um inimigo da Situação, foi impossibilitado de reger qualquer cadeira, até mesmo de trabalhar como professor no ensino secundário. Encontrou-se então submetido a uma vida marginalizada, tanto intelectualmente quanto fisicamente, quando finalmente decidiu exilar-se. Eis o conturbado percurso deste historiador. De mãe desempregada e de pai Sargento-Ajudante de Cavalaria e monárquico convicto, Flausino Torres nasceu na Beira Alta e fez os estudos primário e secundário em Viseu, depois de uma efémera passagem pelo seminário onde recusou seguir a via eclesiástica. Chegou em 1925 a Coimbra para formar-se na Faculdade de Letras, inscrevendo-se em Histórico-Filosóficas. Desenvolveu muito rapidamente atividades políticas nos seus primeiros anos de licenciatura, período quase coincidente com o início da ditadura militar. Republicano, o seu posicionamento de esquerda levou-o a ser representante da Associação Académica de Coimbra como Diretor-bibliotecário. Também foi membro da loja maçónica, a Revolta, até o encerramento das sociedades secretas em 1935. Em 1932, já era referenciado pela polícia como comunista, mesmo não pertencendo ao Partido Comunista Português. Neste ano, no fim da sua licenciatura, começou a trabalhar na Imprensa da Universidade. Mas com o encerramento da Imprensa em 1934 por motivos políticos, decidiu seguir a formação de professor, que já havia começado, voltando ao estágio no Colégio Portugal de Coimbra como professor de História e Filosofia. De repente, em 1937, deixou o emprego em Coimbra para tentar a experiência lisboeta, como professor no ensino secundário. Foi em Lisboa que entrou no PCP, sem data certa, por volta de 1940 e noutros movimentos como o MUD e o MUNAF. Os anos na capital foram os que lhe permitiram uma ligação com os meios intelectuais da oposição. Ao contribuir para a Universidade Popular, dirigida por Bento de Jesus Caraça, fez intervenções de 1939 até 1944, data em que foi encerrada esta universidade. O período lisboeta caraterizou-se também por uma intensa atividade intelectual com a sua colaboração na coleção “Biblioteca Cosmos”, dirigida também por Bento de Jesus Caraça. |
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