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TORRES, Flausino Esteves Correia | |||||||||||||
Sentimos nessas linhas o grande apego do Flausino para o tratamento do povo, este que considera como um grande esquecido da história e que deve ser tratado. Este povo português que nunca escapou para ele a luta das classes: num artigo da Vértice chamado “A propósito da história do povo português”, ele vê a Revolução de 1383-1385 como se “dum lado estão os portugueses que lutam pela independência nacional e pela vitória da sua classe – as duas lutas confundem-se – e do outro a nobreza e o alto clero, o pobre prefaciador fala em Portugal como dum corpo inteiriço” (Vértice, Volume XXIV, Júlio-Agosto de 1964, p.416) criticando aí a visão desenvolvido no prefácio da História de Portugal dirigida por Damião Peres. Ele segue a de Álvaro Cunhal na sua As Lutas de Classes em Portugal nos fins da Idade Média, apoiando esta ideia da importância das classes sociais na história e nas dinâmicas revolucionárias da história portuguesa. Essas atividades intelectuais mas também políticas fazem que é cada vez mais vigiado pela PIDE até ser despedido do Colégio Tomás Ribeiro em 1961. Um ano depois foi prisioneiro por uns meses no Aljube. Impedido de ter uma atividade docente e sabendo de uma iminente prisão, tomou a difícil decisão de exilar-se. Começa então em Dezembro de 1965 um novo período da sua vida que o levou a vários países. Depois de uma curta passagem em Paris, vai para Argel encontrar o núcleo da FPLN. As dissensões com os outros membros do FPLN levam-no a ir por alguns meses para Bucareste em 1967 onde estava exilado o seu filho. mas é em Praga, em Novembro do mesmo ano, que se fixou por uns anos com a sua mulher. É nesta cidade que ocorreram dois acontecimentos importantes. Um deles é a sua primeira experiência docente numa universidade, sendo convidado para a função de leitor de Cultura e de Língua portuguesa da Universidade Karlova de Praga. O outro acontecimento está muito ligado a atualidade: seguiu a alegria da Primavera de Praga e também a sua violenta repressão pelas tropas do Pacto de Varsóvia. Já com algumas discordâncias com o PCP, não entendeu como este partido que lutava contra a repressão do regime salazarista pôde apoiar a intervenção soviética. Foi numa solene reunião com outros exilados portugueses que partilhavam a sua posição que foi expulso do PCP por Álvaro Cunhal, recusando modificar o seu posicionamento. Flausino Torres encontrou-se então numa difícil posição: a de um opositor que se exilou, mas também sujeito a um ostracismo do PCP. |
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