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Não obstante a visão limitada da problemática histórica e a deficiente actividade de investigação arquivística, Júlio de Castilho revela uma capacidade evocativa que sobreleva largamente essas imperfeições. O seu discurso sobre Lisboa é uma simbiose de erudição literária e evocação poética, pois “soube decifrar as suas predes musgosas, interpretar a sua vida secular e ensinar o seu passado glorioso” (António Baião, Anais das Bibliotecas, Arquivo e Museus Municipais”, p. 65). Na descrição dos bairros, desatacava as ruas, palácios, igrejas, nomes de pessoas, acontecimentos relevantes, vivências, que recolhia nas suas leituras, dilucidando exaustivamente qualquer dúvida, o que confere a toda a obra grande solidez. Teve a arte de recriar uma história de Lisboa, num “continuum” de evocações, o que explica que constitua ainda hoje “uma fonte valiosa para o conhecimento da história política, social, arqueológica, toponímica e cultural da cidade” (Joaquim Veríssimo Serrão, “Júlio de Castilho – Olisipógrafo”). Teve a arte de construir uma visão global integrando grande diversidade de aspectos parcelares, o que permite afirmar ser Júlio de Castilho um historiador simultaneamente erudito e divulgador, acessível ao leitor médio. E explica também ter sido uma fonte de inspiração para o prosseguimento dos estudos olisiponenses. Segundo Luís Pastor de Macedo, “são três os primeiros discípulos de Castilho: Gomes de Brito (…) criador dos estudos toponímicos; Eduardo Freire de Oliveira, nas notas com que acompanha a documentação municipal que publicou e João Pinto de Carvalho” (Fernando Castelo-Branco, “Olisipografia”, in Dicionário da História de Lisboa). Mas outros dois grandes nomes da olisipografia, Augusto Vieira da Silva e Gustavo Matos de Sequeira, confessaram ter dele recebido o impulso e o entusiasmo pelo estudo de Lisboa. Talvez sem ser sua intenção, Júlio de Castilho foi um Mestre que desbravou o caminho da olisipografia e criou discípulos. Foi sócio efectivo da Associação dos Arquitetos e Arqueólogos Portugueses; Sócio Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa; Membro do Instituto de Coimbra, do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, do Instituto Vasco da Gama de Nova Goa e da Associação Literária Internacional de Paris. |
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