Mário Chicó foi também pioneiro no estudo da arquitetura de influência portuguesa construída fora da Europa. Os estudos sobre “arte colonial” – termo simplista, mas ajustável neste caso – tinham começado poucas décadas antes, com incidência no mundo latino-americano, onde se incluía o Brasil. Estes estudos foram desenvolvidos por investigadores originários do Novo Mundo com o intuito de estudar a sua própria história artística, mas também participaram neste movimento vários estudiosos europeus. Com efeito, o interesse dos investigadores por produções artísticas europeias em espaços geográficos asiáticos e africanos só começou a surgir nos meados do século XX. Não é por isso de estranhar a proposta feita por Mário Chicó ao director-geral do Ensino Superior e das Belas-Artes, no início de 1951, para a concretização de uma brigada de estudo dos monumentos do Estado da Índia – terra do seu avô adoptivo –, momento importante na mudança dos seus interesses académicos, deixando um pouco para trás o gótico português para aprofundar o estudo da arquitetura colonial do renascimento, maneirismo e barroco.

Com Mário Tavares Chicó iniciava-se assim a ampliação do âmbito geográfico da investigação historiográfica portuguesa para as produções artísticas resultantes da expansão ultramarina, especialmente nos territórios que haviam estado sob domínio luso. A missão de estudo seria apoiada pela Junta das Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, a que se associaram o Governo-Geral do Estado da Índia e o Instituto para a Alta Cultura. A Mário Chicó juntaram-se o também historiador da arte Carlos de Azevedo, o arquiteto Martinho Humberto dos Reis (técnico do Serviço de Monumentos da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais) e o fotógrafo José Carvalho Henriques. Estava assim composta a Missão de Estudo aos Monumentos de Goa, Damão e Diu, que durante dois meses fez o levantamento e estudo dos principais monumentos históricos edificados na Índia portuguesa.

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