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Tal como notaram dois dos seus críticos e também discípulos diretos (Aguiar e Silva e Aníbal de Castro), a descoberta de alguns manuscritos respeitantes à Lírica, até então desconhecidos ou subvalorizados, veio pôr em causa algumas atribuições de autoria então firmadas pelo editor. Do mesmo modo que, no caso de Os Lusíadas, se revelam controversas algumas opções tomadas quanto à fixação do texto. Apesar das reservas que possam aduzir-se, pode dizer-se que, passados mais de 50 anos sobre o seu aparecimento, as edições camonianas de CP continuam a servir de referência para todos quantos investigam e ensinam os textos do nosso poeta maior. O mesmo pode dizer-se da Obra Completa de Gil Vicente, que veio a público em 1956. Tal como a edição camoniana de 1944, também esta conta vinhetas e iluminuras de Joaquim Lopes. Tal não impede contudo a inclusão de um estudo introdutório de cerca de 75 páginas, distribuído por oito subcapítulos. Nele se sistematiza o que de mais importante se sabia na altura sobre o dramaturgo e se estabelece uma perspetiva acerca de aspetos controversos, que vão desde a biografia até à cultura intelectual, a evolução artística, a representação satírica da sociedade da época e a expressão lírica. O volume contava ainda, no final, com algumas Notas e com um criterioso Glossário. Em termos globais, pode dizer-se que a edição vicentina de CP constitui um avanço considerável em relação a todas as que tinham sido publicadas até então. Em termos de apuro crítico, só viria mesmo a ser ultrapassada por aquela que viria a surgir em 2002, sob coordenação científica de José Camões. Ainda no domínio da ecdótica, cumpre mencionar os trabalhos que CP desenvolveu, em colaboração com Aida Dias, em torno do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende e que haveriam de culminar na edição vinda a lume entre 1973 e 1974. Com base nesse trabalho, esta investigadora viria depois, ela própria, a fixar aquela que é hoje a mais confiável edição do Cancioneiro resendiano, acompanhada de estudo, notas e dicionário de temas e autores. Com destino a públicos mais amplos, CP organizou também edições didáticas e dirigiu a publicação de uma série de obras de Fialho de Almeida (autor a quem consagrara a sua dissertação doutoral), com introduções críticas alargadas. |
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