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O nome de CP é normalmente associado às edições que preparou e à citada História da Literatura Portuguesa da época medieval que, em vários aspetos, pode considerar-se ainda hoje insuperada. Seria injusto, porém, deixar de mencionar uma terceira vertente da sua obra: a de crítico literário. A este propósito, devem referir-se sobretudo dois extensos volumes (Gente Grada e Escritos Diversos), publicados respetivamente em 1952 e 1972. Esta última coletânea data da fase final da sua carreira e é aberta por um Prefácio que exprime o essencial do posicionamento de CP face aos estudos literários, tal como eles eram cultivados na época: “Considerados de diversa maneira, conforme o público a que se destinaram, as pessoas que os suscitaram ou os motivos que os provocaram, estes escritos oferecem todos uma feição comum: o amor da verdade. Escrevi sempre para saber como as coisas na realidade se teriam passado – e não como as imaginaram ensaístas apressados ou indivíduos menos escrupulosos.” (p. V). Proclamando as suas convicções positivistas, plasmadas no desejo de “saber como as coisas se teriam passado”, CP demarca-se não apenas dos indivíduos ditos “menos escrupulosos” mas também do ensaísmo que rivalizava com a história literária nos meios académicos, distinguindo-se desta pela pouca atenção prestada aos fundamentos eruditos. Na primeira parte desta miscelânea, intitulada “Temas de controvérsia”, o historiador toma partido claro sobre questões controversas tais como a autoria de dois autos atribuídos a Gil Vicente, o possível aparecimento das “crónicas perdidas” de Fernão Lopes ou a possibilidade de Camões ter ou não lido diretamente Platão. As justificações aduzidas por CP na já citada Advertência para explicar o atraso e a irregularidade na publicação da sua história da literatura portuguesa têm efetivo fundamento. Tendo sido, por largos anos, o único catedrático da sua Faculdade, a ele coube a supervisão dos professores mais novos. Para além da orientação de muitas dezenas de teses de licenciatura, CP orientou dissertações de doutoramento que haveriam de alterar o entendimento da literatura portuguesa. Ofélia Paiva Monteiro, Vítor Aguiar e Silva, Aníbal Pinto de Castro e Aida Fernanda Dias contam-se entre os que beneficiaram do seu apoio ao longo das décadas de 60 e 70. De facto, desde o período final da Idade Média (Aida Dias) até ao Romantismo (Ofélia Monteiro) passando pelo Maneirismo e Barroco (Aguiar e Silva) as dissertações que foram elaboradas sob orientação de CP estavam subordinadas a um claro desígnio de reconversão historiográfica. Para além do estudo dos textos e dos contextos histórico-culturais, o plano incluía também a análise dos códigos poéticos. Nesse exato quadrante situa-se nomeadamente a investigação doutoral empreendida por Aníbal Pinto de Castro. |
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