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CP é autor de um volume de História da Literatura Portuguesa consagrado à Idade Média (1947, com edição revista em 1959). Deu ainda início à publicação, em fascículos, como era uso na altura, daquele que seria o segundo volume respeitante aos séculos XV e XVI. O primeiro tomo e também aquele que chegou a ser iniciado (e que alcançou um total de mais de 250 páginas) faziam parte de um empreendimento global que deveria abarcar a literatura até ao século XX. O modelo escolhido era o mesmo que, desde as últimas décadas do século XIX, Francesco De Sanctis adoptara para a literatura italiana, seguido por Gustave Lanson para a literatura francesa e, já mais perto de CP, Menéndez Pidal colocara em prática para a literatura espanhola. Depois da historiografia útil mas preconceituosa de Teófilo Braga e do didatismo sério mas simplificador de Joaquim Mendes dos Remédios (1911), ou ainda da extensa e aparatosa História Ilustrada da Literatura Portuguesa, coordenada por Albino Forjaz Sampaio (1929), mas dirigida a um público restrito, sentia-se a necessidade de uma obra assente em premissas de rigor. O princípio de que cada país é chamado a definir a sua identidade com base nos traços culturais e étnicos que o definem assenta na visão nacionalista de uma história da civilização, tal como aparece sustentada em Hypolite Taine (Philosophie de l’Art, 1870). Assim se explica o circuito que os historiadores da literatura são chamados a percorrer entre a especificidade de cada cultura e domínios linguístico-culturais mais amplos. A tarefa exigia, desde logo, investigação continuada e paciente, capaz de resgatar documentos, identificar autorias, clarificar contextos e proceder ao ordenamento periodológico. Tendo consciência das dificuldades do trabalho a que metera ombros, CP confessa em Advertência à edição de 1959 que o plano não avançara justamente pelo volume de esforços que implicava “em pesquisa e em crítica” e também pelo “pesado serviço docente” que o próprio teve de assumir ano após ano. Num país de mercado reduzido, é de crer que o aparecimento de obras na mesma área representasse uma dificuldade acrescida para a continuidade de um projeto daquela natureza e amplitude. Em 1955, por exemplo, via a luz a História da Literatura Portuguesa, de Óscar Lopes e António José Saraiva. Embora se destinasse inicialmente ao ensino secundário (competindo diretamente com outras do mesmo género), a verdade é que, com o tempo, esta obra de natureza mais interpretativa acabaria por vir a merecer também o favor dos estudantes do ensino superior, ganhando uma clara supremacia no plano editorial. |
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