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Raymundo Faoro nasceu em Vacária, pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Era filho dos agricultores e imigrantes italianos Attilio Faoro e Luisa D’Ambros. Ainda criança, mudou-se para a cidade de Caçador, Santa Catarina, onde iniciou os estudos e cursou o secundário no Colégio Aurora. Voltou ao seu estado natal para estudar na Universidade do Rio Grande do Sul (URGS), formando-se em Direito em 1948. Nesse período, foi um dos cofundadores da Revista Quixote. No começo da década de 1950, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde atuou como advogado e, em 1963, por meio de concurso público, tornou-se procurador estadual, cargo no qual se aposentaria anos mais tarde. Autor de poucas obras, Raymundo Faoro lançou o seu primeiro e mais importante livro, Os donos do poder: formação do patronato brasileiro, em 1958, pela editora gaúcha Globo. Apesar de ter conquistado o Prêmio José Veríssimo, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), o livro teve, no momento do lançamento, pouca repercussão, muito provavelmente pelo cenário político e intelectual daqueles anos, marcado pela difundida crença nacional-desenvolvimentista no protagonismo do Estado frente às questões econômicas e sociais, o que contrastava com as teses fundamentais de Os donos do poder, cuja interpretação buscava realçar o peso sufocante do Estado sobre a sociedade. Os anos de 1970 assistiram a uma mudança significativa na recepção da obra de Faoro, então reconhecida como uma das mais importantes interpretações do Brasil. O cenário político autoritário, hegemonizado pelos militares, contribuiu para esse súbito deslocamento, uma vez que Os donos do poder parecia ser capaz de dotar de inteligibilidade a ação das forças armadas, um dos setores que compõem o que Faoro chamou de estamento burocrático.Não apenas o contexto mudou, alterou-se também a própria estrutura da obra, reeditada em 1975 com significativas revisões, triplicando de tamanho — de 270 páginas passou para cerca de 750 —, incorporando notas — que passaram de 140 para 1335 — e citações — acrescentadas a partir de referências sociológicas alemãs consultadas diretamente no original, anteriormente acedidas em edições em espanhol — e acrescentando mais dois capítulos. Apesar da mudança na forma, Faoro afirma, no prefácio da segunda edição, que as teses fundamentais continuavam as mesmas, adequando-as apenas ao estilo e às exigências atuais. |
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