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FAORO, Raymundo | |||||||||||||
Profundo conhecedor da historiografia portuguesa, Faoro foi um atento leitor de autores como Alexandre Herculano (1810-1877), Oliveira Martins (1845-1894), Jaime Cortesão (18841960), João Lúcio de Azevedo (1855-1933), Antônio Sérgio (1883-1969), Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011), entre outros. Com base nesses autores, adentrou em algumas das polêmicas mais importantes da historiografia portuguesa, como o debate sobre a existência ou não do feudalismo em Portugal, defendendo, assim como Herculano e Godinho, a incompatibilidade do modelo feudal com o mundo português, uma vez que, segundo o autor de Os donos do poder, não seria possível vislumbrar entre rei e vassalos uma camada de senhores dotados de autonomia política. Acompanhando Antônio Sérgio e Jaime Cortesão, procurou desconstruir a ideia de que houve em Portugal uma espécie de monarquia agrária, nas palavras de Faoro: “Uma falsa observação pode sugerir que Portugal seria uma monarquia agrária, voltada para o comércio marítimo, dedicada à troca de seus excedentes rurais. A doutrina levaria, desenvolvendo-se coerentemente, a identificar na via marítima uma atividade periférica, alheia ao cerne do reino, mediante a impressão de que, a poucas léguas de Lisboa ou do Porto, cuidava a população do cultivo dos campos ou do pastoreio, sem nenhum vestígio de maresia. O país estaria precariamente unido, com a independência real de dois sistemas econômicos. Quando muito, a expansão ultramarina seria uma fugaz e temerária aventura, falsa revolução de superfície, sepultada nas ruínas do império mal digerido. ‘A atividade marítima’ — contesta Jaime Cortesão — ‘está não só nas raízes da nacionalidade, donde sobe como a seiva para o tronco, mas é como que a linha medular que dá vigor e unidade a toda a sua história.’” (R. Faoro, Os donos do poder…, 2001, p. 66). |
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