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FAORO, Raymundo | |||||||||||||
As décadas de 1970 e de 1980 foram as mais ativas na produção intelectual e na participação pública de Raymundo Faoro. Antes da reedição de Os donos do poder, em 1974, o jurista gaúcho publicou o seu segundo livro, Machado de Assis: A pirâmide e o trapézio, no qual traçou um mapa político e social do Segundo Império a partir da obra machadiana. Em 1977 foi eleito presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), função que desempenhou até 1979. Como presidente da OAB, Faoro ficou conhecido pela sua intensa participação na luta pela restauração do habeas corpus, nas campanhas pela anistia e pela revogação dos Atos Institucionais e na defesa pela convocação de uma assembleia constituinte. Este último foi tema do seu terceiro livro, Assembleia Constituinte: A legitimidade recuperada, publicado pela Brasilense, em 1981. Nessa época, tornou-se figura ativa no debate público sobre a redemocratização, a sua contribuição em jornais e revistas de grande circulação mostrou-se frequente e a sua colaboração mais constante se deu com as revistas Época, Senhor e Carta Capital e o Jornal da República, do qual foi um dos cofundadores. A sua casa tornou-se um importante ponto de encontro de personalidades dos diferentes espaços do espectro político, tais como Tancredo Neves e Luís Inácio Lula da Silva. Por este último foi convidado a candidatar-se a vice-presidente, convite que recusou. Apesar de não ser um acadêmico em sentido estrito, nutriu fortes relações com as universidades, participando em seminários e conferências, publicando artigos em revistas científicas e, inclusive, atuando como professor visitante, a exemplo das atividades desenvolvidas no Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), em 1986. Nessa ocasião, concedeu a conferência Existe um pensamento político brasileiro?, que deu base para o seu quarto livro, publicado em 1994, com título homônimo. Assim como nas obras anteriores, em Existe um pensamento político brasileiro?, o tema do liberalismo e as relações históricas entre Brasil e Portugal foram fartamente abordados. Em interpretação que procurou desvendar os limites, as contradições e ambiguidades do liberalismo no Brasil, Faoro observou que, mesmo após a Independência, não houve uma ruptura com a cultura política ibérica e que o propalado liberalismo brasileiro era inorgânico, estatista e conservador, impondo sérios limites à modernização brasileira. |
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