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Historiador associado à segunda geração dos Annales, discípulo de Fernand Braudel, foi o grande responsável pelo desenvolvimento em França dos estudos sobre o Atlântico Sul e o Brasil e, com Pierre Chaunu, as Américas. Foi o primeiro titular de uma cátedra francesa de história latino-americana, em Nanterre. Com uma formação económica e atento à dimensão quantitativa, não descurou a reflexão sobre os conceitos em historiografia. Frédéric Mauro nasceu em Valenciennes, no norte da França, a 24 de Outubro de 1921. Era filho de um engenheiro civil nascido no Midi e formado na École Nationale des Ponts et Chaussées. Durante a sua juventude, esteve ligado ao movimento estudantil católico e, desde cedo, sentiu-se atraído pelas ciências sociais e, sobretudo, pela história, para o que muito contribuiu um dos seus professores no ensino secundário, M. Jourcin, que sucedera a Fernand Braudel no Lycée Pasteur, em Neuilly-sur-Seine, e foi membro de um dos governos chefiados por Édouard Daladier. Mauro foi professor no Lycée Montesquieu, em Le Mans, mas somente durante um ano lectivo (1947-1948). Com efeito, e como o próprio explicou, após ter assistido a algumas conferências de Fernand Braudel, então directeur d’études na École Pratique des Hautes Études (EPHE) e que fora convidado pelo director do liceu, o doyen Renouvin, o jovem professor aceitou assistir aos seminários de Braudel na EPEH. Foi também Braudel quem presidiu ao júri da agrégation de Mauro, que, superada esta etapa, foi falar com aquele que seria o seu orientador para lhe comunicar que se encontrava preparado para a investigação (Mauro, “L’histoire, en quête du temps et de l’espace”, 1989, p. 1). Mauro viajou depois para Nova Iorque de modo a aprofundar a sua formação económica e, no início do ano lectivo de 1949, foi nomeado assistente na Faculdade de Letras da Universidade de Toulouse. Para a sua tese, Mauro conduziu investigações em arquivos portugueses e brasileiros. Em Portugal, não se ficou por Lisboa, tendo trabalhado nos arquivos de diversas cidades (Coimbra, Évora, Braga) e, o que merece ser relevado, deslocando-se a arquivos insulares (Madeira e Açores). No Brasil, onde esteve em 1953 e 1954, efectuou pesquisas nos arquivos do Nordeste e do Rio de Janeiro e, em São Paulo, onde exerceu como professor visitante, o discípulo de Braudel conheceu antigos alunos do mestre (Eurípides Simões de Paula, Eduardo d’Oliveira França e Alice Piffer Canabrava). Curioso e atento à geografia, efectuou visitas à serra da Mantiqueira e à cadeia montanhosa da costa paulista. A sua tese de doutoramento, de 1957, colocou Frédéric Mauro justamente no selecto grupo de historiadores que, na linha de Fernand Braudel, ambicionavam praticar uma história total, ou seja, uma história sobretudo atenta às estruturas e conjunturas que contemplasse os diversos tempos e espaços que enquadravam a acção dos actores históricos. |
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