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Nas décadas seguintes, Frédéric Mauro continuou a desenvolver o seu trabalho enquanto orientador científico — no total, orientou mais de uma centena de teses e, entre 1972 e 1997, orientou 28 teses sobre o Brasil, entre as quais as de Luiz Felipe de Alencastro, que seria mais tarde titular da cátedra de História do Brasil da Universidade de Paris-Sorbonne, e de Guy Martinière (Silva, O Brasil construído de fora…, 2014, pp. 41-43) —; acompanhou o trabalho de historiadores brasileiros em Paris, embora nem todos os comentários fossem elogiosos (Machado, “Dois tempos de um percurso de experiências historiográficas…”, 2015, p. 148); e foi o autor ou coordenador de obras dedicadas à história do Brasil e da América Latina, mas também à história económica. Nesta linha integra-se a obra colectiva La pré-industrialisation du Brésil: essais sur une économie en transition (1830/50-1930/50), editada em 1984, resultante do trabalho conduzido no seio do CREDAL, um laboratório associado ao CNRS47. De 1991 data a publicação de um volume coordenado por Mauro e integrado na Nova História da Expansão Portuguesa, dirigida por Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques, O Império Luso-Brasileiro 1620-1750. Após a jubilação, merece ser referida a homenagem prestada ao grande historiador pela Fundação Calouste Gulbenkian, através do seu Centro Cultural, em Paris: o grosso volume XXXIV dos Arquivos do Centro Cultural Calouste Gulbenkian (1995) configura-se como Mélanges offerts à Frédéric Mauro. Coordenado por Guy Martinière, antigo aluno de Mauro, este número reúne contribuições que recobrem os vastos interesses do homenageado (Portugal, Brasil, Atlântico, Américas). Homem da academia francesa, o percurso de Frédéric Mauro foi reconhecido com diversos prémios. Além de recipiente da Medalha de Prata do Centre National de la Recherche Scientifique, foi eleito membro titular da 5.ª Secção da Académie des Sciences d’Outre-mer em Dezembro de 1978. Por vezes injustamente esquecido e omitido em estudos e bibliografias recentes sobre o mundo atlântico, Frédéric Mauro deve ser lembrado como um historiador que, na esteira de Fernand Braudel e do seu trabalho sobre o Mediterrâneo, e ao lado de Pierre Chaunu, contribuiu para que o Atlântico, em particular o Atlântico Sul, merecesse honras de território historiográfico (O’Reilly, “Genealogies of Atlantic History”, 2004, p. 74; Schaub, “The Case for a Broader Atlantic History”, 2012), muito antes de a Atlantic history anglo-saxónica reivindicar esse feito. A sua contribuição para a historiografia é também visível no domínio das categorias analíticas: o “Mediterrâneo atlântico”, que Braudel anunciara, ganhou com Mauro outra projecção. O seu legado continuou pela mão de ex-alunos que renovariam as interrogações formuladas ao longo de anos. |
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