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A tese, intitulada Le Portugal et l’Atlantique au xviie siècle (1570-1670). Etude économique (Paris, 1960) foi acompanhada por uma outra, complementar, que, na verdade, era um estudo crítico de fontes, Le Brésil au xviie siècle (Coimbra, 1963). Na tese principal, com base num vasto manancial de fontes arquivísticas e em dados estatísticos, Frédéric Mauro apresentou um quadro inovador da economia portuguesa no contexto atlântico e demonstrou a importância da economia do açúcar, que permitiu a Portugal minimizar os impactos negativos da chamada “crise do século XVII”. Obra marcante, apesar de hoje se revelar datada, o estudo original seria reeditado duas décadas mais tarde com um novo título, Le Portugal, le Brésil et l’Atlantique au xviie siècle (1570-1670). Etude économique (Paris, 1983), sublinhando assim o lugar central ocupado pelo Brasil não apenas no conjunto daquela obra, mas no mundo português. Após obter o título de Docteur ès lettres, Mauro foi nomeado professor de história moderna na Faculdade de Letras da Universidade de Toulouse em 1958, onde seria também o titular da cátedra de história económica. A partir de então, desenvolveu uma intensa actividade de investigação, docência e orientação científica, alargando o seu quadro cronológico original para abarcar os séculos XIX e XX e as dinâmicas históricas associadas aos processos de industrialização e modernização no Brasil e nas Américas. Atento aos progressos e ao enquadramento institucional da ciência histórica, em 1963 Mauro publicou na Revue historique um “estado da arte” do ensino universitário e da pesquisa histórica em Portugal, síntese para a qual contou com as informações que foram dadas por Virgínia Rau (Mauro, “L’histoire au Portugal”, 1963, p. 433). Nesse artigo, Mauro apresenta o modo como se organizava a docência e a investigação nas universidades, com a separação entre Institutos e centros, e destacando a existência do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (actual ISCSP da Universidade de Lisboa), onde Vitorino Magalhães Godinho dirigia então um importante “programa” de formação. O pólo mais activo, porém, era o Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, associado ao Arquivo Histórico Ultramarino e detentor de uma filmoteca “impressionante”. Após essa síntese, o autor elencava os arquivos, as bibliotecas e os museus, muitos necessitando de uma reorganização, e as publicações portuguesas, antes de expor a sua visão do estádio em que se encontrava a história em Portugal: uma historiografia tradicional, ignorante da bibliografia estrangeira e do contributo das ciências sociais, mas contendo uma possibilidade de renovação, graças aos poucos historiadores portugueses que haviam ultrapassado os Pirenéus e aos seus discípulos (Vitorino Magalhães Godinho, Joaquim Barradas de Carvalho, Julião Soares de Azevedo, Luís de Matos, Joaquim Veríssimo Serrão, Jorges Borges de Macedo, Joel Serrão). |
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