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Concretizando um pouco mais esse crescente aprofundamento da análise: HGB consagrou o volume inaugural aos livros I e II da obra (“Direito escripto e direito tradicional” e “Administração Central”, respectivamente); a eles se seguiria a “Administração Geral”; mas o facto é que o autor acabará por inserir, como livro III, uma longa secção sobre a “Situação economica do paiz” (que no plano original não passava de título introdutório), a qual se espraiará pelos volumes 2º e 4º. A “Administração Geral”, como livro IV, acabará por constituir o inacabado (e impublicado) volume 5.º (tomo XI da 2ª ed.). Apesar dos inacabamentos, é óbvio que HGB produziu uma obra abarcante de um alargado leque de temas e problemas na abordagem (“globalizante”, quase diríamos) da sociedade medieval portuguesa, mormente os materiais constantes no 2º volume e subsequentes (os quais traduzem, eles sim, uma pesquisa arquivística mais sistemática, mormente na Torre do Tombo). E é isto que explica a fortuna, em vida e póstuma, do autor. Com efeito, a publicação dos dois primeiros volumes abriu-lhes as portas da Academia das Ciências de Lisboa (correspondente em 1886, efectivo em 1893; será sócio de mérito em 1915 e emérito em 1920), do Instituto de Coimbra (1886; sócio honorário em 1899) e da Real Academia de la Historia, de Madrid (1893). A posteridade medievística de HGB rapidamente fez da sua obra algo de consulta indispensável, em domínios tão diversos como sejam o regime de propriedade, os grupos sociais ou as instituições políticas ou jurídicas. E a esse respeito é desde logo de destacar a influência exercida nas Faculdades de Direito e numa Historiografia jurídica em vias de renovação a partir dos alvores do nosso século (Guilherme Moreira [1861-1922], Marnoco e Sousa [1860-1916], Joaquim Pedro Martins [1875-1939] e sobretudo Paulo Merêa [1889-1977], Luís Cabral de Moncada [1888-1974] e, mais tarde, Marcello Caetano [1906-1980]). E, depois, a recepção por uma comunidade historiográfica que pelos anos 40-50 esboçava o seu longo (e por vezes penoso) processo de institucionalização universitarizante: é a “Escola de Coimbra” que recolhe a biblioteca e o espólio de HGB, e é um dos seus membros (Torquato de Sousa Soares [1903-1988]) quem procede, de 1945 a 1954, à reedição da obra, doravante de manuseio tornado corrente (infelizmente, os prometidos índices nunca foram dados à estampa; nesta matéria estamos reduzidos ao tentame que Augusto Reis Machado operou nos anos 30 sobre a edição original). |
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