Por fim fez uma análise crítica ao mito das Cortes de Lamego levantada por José de Arriaga acerca do princípio da legitimidade pura levantado após a morte de D. João VI. Segundo José de Arriaga, D. Pedro IV sendo Imperador do Brasil, não podia suceder a D. João VI na coroa portuguesa por ser estrangeiro, segundo a acta das Cortes de Lamego, sendo D. Miguel o legítimo sucessor ao trono. Ora Marques Gomes contrapõe esta visão de José de Arriaga reiterando que D. Pedro IV era português e que o facto de ter assumido a coroa do Brasil não lhe tirava a sua nacionalidade referindo mesmo que as próprias Cortes de Lamego só excluíam da ascensão ao trono os verdadeiros estrangeiros e não os que haviam nascido em Portugal (Lutas Caseiras, pp. 500-501).

Marques Gomes nesta sua obra sobre o constitucionalismo liberal e no qual estabelece um período cronológico específico (1834 a 1851) procurou fazer uma história muito cronista baseando-se em citações de deputados das Cortes. Também procurou descrever as bases ou princípios que os partidos políticos estabeleciam entre si tal como o confronto ideológico entre ambos. Evidente é o apego aos conceitos de «revolução» e «contra-revolução»: o autor também tinha a tendência em tomar partido dos princípios liberais muito próprios da época em que viveu. Essa tomada de partido verifica-se longo no princípio da obra em que glorifica a Revolução Liberal de 1820 colando o seu sucesso também à participação de Aveiro, sua terra natal, no desfecho do acontecimento.

Marques Gomes participou na elaboração do 12º volume da História de Portugal popular e ilustrada de Manuel Pinheiro Chagas. Nesta obra o seu contributo é mais abrangente e não abarca tanto a história local mas um conjunto de acontecimentos políticos importantes da vida nacional da segunda metade do século XIX, desde o início do período intitulado de Regeneração (1851) até ao «Ultimatum» Inglês de 1890. Os primeiros capítulos dão particular ênfase às políticas de obras públicas empreendidas por Fontes Pereira de Melo como a construção de estradas, pontes e caminhos de ferro. Além disso este movimento político de 1851 intitulado Regeneração traduzia-se num período que trouxera acalmia política, maior liberdade e tolerância e as políticas de desenvolvimento das infra-estruturas evidenciavam uma ideia de progresso do país.

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