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Exemplos dessa historiografia liberal são a valorização das comemorações do centenário da Revolução Liberal de 1820.
Na sua obra Lutas Caseiras é muito evidente o uso de citações de deputados das Cortes Constituintes, militares, intelectuais, decretos ministeriais e da imprensa periódica da época, a composição dos vários governos fazendo notas biográficas sobre os ministros, tal como é muito notório a utilização dos conceitos de revolução e contra-revolução pelas variadas tendências ideológicas presentes nas mesmas. Não existe uma interpretação crítica desse período político-constitucional do liberalismo oitocentista, antes uma narração dos acontecimentos políticos da época em causa. Já no que diz respeito à sua participação no volume XII da História de Portugal de Pinheiro Chagas verificamos que há uma transição do pensamento de Marques Gomes das ideias liberais, para as ideias republicanas. Acontecimentos políticos como as Conferências Democráticas do Casino, os centenários de Camões e de Pombal e ainda o Ultimatum Inglês ilustram, segundo Marques Gomes, o declínio da Monarquia Constitucional e a necessidade de uma mudança que fosse precursora de um futuro de progresso e de esperança que, neste caso, seria a República. Por isso Marques Gomes irá aderir ao novo regime republicano inaugurado pelo 5 de Outubro de 1910.
Bibliografia activa: Memórias de Aveiro, Aveiro, Typ. Commercial, 1875; Luctas Caseiras - Portugal de 1834 a 1851, Lisboa, Imprensa Nacional, 1894; História de Portugal popular e ilustrada. Desde a morte de D. Maria II até aos nossos dias (dir. de Pinheiro Chagas), vol. XII, Lisboa, Emp. da História de Portugal, 1907; José Estevão, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1909; Aveirenses que morreram, soffreram e combateram pela liberdade, Aveiro, Typ. do Campeão das Províncias, 1909; Centenário da Revolução de 1820: integração de Aveiro nesse glorioso movimento, Aveiro, s.n., 1920; Aveiro berço da liberdade: a revolução de 16 de Maio de 1828, Aveiro, Tip. Luso, 1928.
Daniel Ramalho
