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Filho do professor liceal e ensaísta António do Prado Coelho, Jacinto Almeida do Prado Coelho nasceu em Lisboa em 1920, tendo revelado desde a adolescência a sua vocação literária. Com efeito, começou a publicar, ainda antes de completar 15 anos, narrativa, poesia e crítica na revista Estudantes de Portugal, nos anos de 1935 e 1936. Viveu sempre em Lisboa, em cuja Faculdade de Letras concluiu o curso de Filologia Românica em 1941, com a tese A Poesia de Teixeira de Pascoais. Ousava assim abordar, sob orientação de Vitorino Nemésio, um poeta vivo. O livro viria a lume em 1945, sendo acompanhado por uma breve antologia poética do autor de Marânus. Antes disso, porém, em 1943, apresentara, no Exame de Estado, o ensaio crítico-pedagógico A Educação do Sentimento Poético, publicado no ano seguinte. Nele revela uma das linhas de força do seu magistério e do seu ensaísmo que é a preocupação pedagógica. Menos preocupado com o como se deve ensinar, isto é com a didáctica, do que com o objecto do labor educativo, a “cultura viva”, considera que a poesia deve desempenhar um papel central na educação dos jovens; já no que se refere ao professor defende a “auto-educação pela vida inteira”, sem a qual nenhum educador pode ser aquilo que verdadeiramente importa, ou seja, um humanista. Convidado em 1943 para assistente da faculdade onde se formara, Jacinto do Prado Coelho doutorou-se em 1947, com a tese intitulada Introdução ao Estudo da Novela Camiliana, dada à estampa no ano anterior. Trata-se de uma obra renovadora e de amplo fôlego, que se tornou um clássico dos estudos camilianos. Procurando “ver como nasce e cresce e se transforma a novela camiliana”, não esquece contudo “o conhecimento das circunstâncias biográficas” que iluminam a génese da novela, o seu significado e a originalidade do autor. Composto também como uma homenagem a seu pai, camilianista de mérito, o trabalho revela a segurança, o rigor e o vasto conhecimento de um investigador que, com apenas 27 anos, dominava plenamente a vastíssima obra do autor de Amor de Perdição, bem como as relações dialógicas de Camilo com autores nacionais e estrangeiros, clássicos e contemporâneos. Em 1951, no concurso para professor extraordinário apresentou, pela primeira vez na universidade portuguesa, um estudo pioneiro: Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, publicado nesse mesmo ano, quando uma parte substancial da obra pessoana permanecia ainda inédita. Pela sua solidez teórica e a finura da análise de recorte estilístico, tal como era praticada por Leo Spitzer ou por Dámaso Alonso, a abordagem alicerçava-se na crítica imanente que o A. sempre perfilhou, e continua a ocupar um lugar de destaque na imensa bibliografia sobre o poeta dos heterónimos. Em 1953, com apenas 33 anos, Jacinto do Prado Coelho atingia o topo da carreira académica, tendo exercido funções como professor catedrático titular de Literatura Portuguesa Moderna durante 30 anos, até ao seu falecimento prematuro. |
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