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Director do Centro de Estudos Filológicos entre 1954 e 1965, Jacinto do Prado Coelho foi sócio-correspondente, a partir de 1955, e efectivo, desde 1962, da Academia das Ciências de Lisboa, a cuja Classe de Letras presidiu; foi também presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores até ao seu encerramento pelo salazarismo em 1965, na sequência da atribuição do Prémio de Literatura ao escritor angolano Luandino Vieira. Esse episódio revela uma faceta importante da cidadania de Jacinto do Prado Coelho, que é a sua discreta mas firme oposição à ditadura, manifestada já aquando da crise académica de 1962. Co-director e, a partir de 1971, director da revista Colóquio - Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, o seu prestígio internacional como crítico e investigador foi-se consolidando a partir dos anos 50, em virtude da participação assídua em reuniões científicas de alto nível e à publicação em revistas internacionais consagradas. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, da Real Academia Galega, da Hispanic Society of America, da Association Internationale de Littérature Comparée e sócio-fundador do PEN Clube Português, entre outras instituições culturais nacionais e estrangeiras, tendo sido ainda vice-presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires, cujo Centro Português dirigiu. A par da docência universitária, Jacinto do Prado Coelho exerceu funções de relevo na hierarquia académica, tendo sido presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa após a instauração da democracia, com um papel activo na reestruturação dos cursos de Filologia Românica. Após o 25 de Abril de 1974, por si celebrado como “uma revolução-festa”, fundou, na Faculdade de Letras, o CLEPUL – Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa das Universidades de Lisboa, com o objectivo de promover a investigação e o conhecimento inovador sobre o universo da literatura e de outras manifestações culturais nos países de língua portuguesa. Sob a sua égide, o Centro privilegiou os estudos camilianos, a literatura brasileira, as diversas literaturas africanas de língua portuguesa e a sociologia da literatura. Entre os seus discípulos na FLUL destacam-se, nomeadamente, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Maria Alzira Seixo e Maria de Lourdes A. Ferraz. Num breve testemunho apresentado no colóquio de homenagem ao A., promovido pela Universidade Nova de Lisboa em 1996, o seu único filho, também ele professor universitário e escritor, Eduardo Prado Coelho, define o perfil de Jacinto do Prado Coelho do seguinte modo: “céptico, racionalista, humanista, tinha uma enorme capacidade de aceitar a diferença e a novidade”. É esse, sem dúvida, um dos seus maiores legados à cultura portuguesa. |
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