José de Figueiredo nasceu no Porto, em 20 de dezembro de 1871. Foi o mais novo de três irmãos, filhos de Leopoldina Cândida Albernaz Nunes de Carvalho (natural de Lisboa, m. 1917) e de Agostinho José de Figueiredo (natural de Vouzela, m. 1875), comerciante de grosso trato que fez alguma fortuna no Brasil.

As suas primeiras letras foram feitas no Colégio de São Carlos, no Porto. Em 1888, ingressa na Universidade de Coimbra, vindo a concluir o curso de Direito em 25 de julho de 1893. Regressou então à sua cidade-natal, onde trabalhou num notário. Contudo, o desinteresse pela vida profissional e a doença de seu irmão Agostinho, entretanto internado em Paris, levaram-no a partir para a capital francesa em 1895.
Instalado na cidade-luz, explora o seu gosto pelos assuntos artísticos, frequentando cursos livres de história da arte, visitando exposições, museus e casas de antiguidades, e convivendo com eruditos, historiadores e artistas, portugueses e estrangeiros. Datam desta época as suas amizades com Salomon Reinach (arqueólogo, historiador de arte e co-fundador da Escola do Louvre), Émile Bertaux (historiador de arte), Yvanhoé Rambosson (crítico de arte, um dos organizadores dos salons de Paris no início do século XX), Georges Demotte (antiquário e editor) e com o escultor Auguste Rodin. A experiência parisiense permitiu-lhe desenvolver a sua capacidade de análise e crítica artística, da qual resultou, em 1901, a publicação dos seus primeiros livros: Portugal na Exposição de Paris e O Legado Valmor e a Reforma dos Serviços de Bellas-Artes.

Após regressar a Portugal, é nomeado 1.º oficial da Direção Geral de Instrução Pública (24 de dezembro de 1901) e instala-se em Lisboa. Devido às suas redes de contactos, integra-se rapidamente na vida intelectual e cultural da capital. Neste período, é nomeado vogal do Conselho Superior dos Monumentos Nacionais (dezembro de 1902) e académico de mérito da Academia Real de Belas-Artes de Lisboa (19 de dezembro de 1903). Foi no seio deste organismo que desenvolveu o seu primeiro grande projeto pessoal: a campanha de restauro, exposição e estudo dos Painéis de S. Vicente, do que resultou a publicação da sua grande obra de referência, a monografia Arte portuguesa primitiva. O pintor Nuno Gonçalves. José de Figueiredo contava então com 39 anos de idade. O sucesso deste projeto coincidiu com uma conjuntura política que se revelou fortemente favorável para a sua carreira: a mudança de regime em outubro de 1910 estimulou a implementação de importantes planos reformadores na área das instituições artísticas e patrimoniais, proporcionando o contexto ideal para o grande ato do seu reconhecimento público: a sua nomeação como diretor do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em 1911.

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | (Pdf)