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O percurso do Alexandre Lobato, tanto pessoal como de historiador, está intimamente ligado à história do império português. A sua vida foi sempre um vai e vem entre Portugal e as colónias, em particular Moçambique, donde é oriundo. Formou-se, no entanto, em Portugal, trabalhou para o ministério do Ultramar, escreveu quase integralmente sobre o império, defendendo sempre arduamente esse “Portugal maior”, foi também docente em Moçambique, viveu a descolonização e então voltou para Portugal. Este rápido resumo mostra como, ao estudar o historiador Alexandre Lobato, não podemos escapar ao problema do domínio colonial exercido pela metrópole, então tido por grande parte da população como natural e incontestável. Alexandre Lobato nasceu em 1915, na antiga Lourenço Marques. Nas lembranças que nos dá desta cidade, num ensaio chamado “A Cidade das Acácias vermelhas” (Quatro Estudos, 1961), podemos vislumbrar uma vida do “gentio branco” (ibidem, p.151) numa “pacata vila de província atirada para aquele canto da África” (ibidem, p.152). Mas, para esta juventude branca e portuguesa, a formação era na capital: então, depois duma estadia em Timor para o serviço militar, foi em Coimbra que estudou Direito até ao terceiro ano, decidindo depois fazer a sua licenciatura em Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras desta cidade, que acabou em 1949. Durante a sua formação, começou a escrever artigos e livros de história, tendo já uma idade mais adiantada que os outros estudantes. Depois da sua formação, esteve muitos anos a trabalhar na administração mas sem abandonar a escrita da história. Assim, foi entre 1946 e 1955, tanto redator dos Serviços Culturais dos CTT como no Secretariado Nacional de Informação e também Bibliotecário do Ministério do Ultramar. Com estas funções, podemos perceber que Alexandre Lobato não era um opositor ao Estado Novo. Foi até defensor acérrimo do Estado Novo sobretudo no que respeita à questão do Império colonial. Fez assim parte de um grupo de trabalho que se deslocou aos territórios de Portugal na Índia e participou nos estudos de História da Índia Portuguesa que tentaram fornecer aos advogados portugueses a defesa da portugalidade de Nagar-Aveli no Tribunal Internacional da Haia. Esse apoio ao Estado Novo foi então ativo e até partidário: seguiu uma carreira ligada ao Ministério do Ultramar a partir de 1960 e foi deputado da VIII Legislatura de 1961 até 1965, antes de deslocar-se para Moçambique. |
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