| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
LOBATO, Alexandre Marques | |||||||||||||
Nisto, estava em sintonia com a tese lusotropicalista do antropólogo brasileiro de Gilberto Freyre, que então visitou os territórios coloniais portugueses a convite do regime. Seguindo esta lógica, para Alexandre Lobato, era impensável que Portugal pudesse viver sem as colónias: “Criação deste pequeno povo, generoso e humilde, sacrificado e grande, o Ultramar, dos Açores a Timor, é a garantia de que Portugal continua” (ibidem, p.23). A defesa do império era então algo de vital para Portugal. Mas, apesar desta visão completamente adequada à do Estado Novo, não se pode reduzir Alexandre Lobato a um historiador partidário, quase orgânico do regime. De facto, ele tem um lugar releavante no nascimento e o desenvolvimento da História de Moçambique. Uma grande parte da sua obra foi dedicada a esta antiga colónia. Assim, foi um dos que mesmo com “falta de elementos de trabalho, porque a bibliografia moçambicana, além de escassa, não é de fácil procura” (História da Fundação de Lourenço Marques, 1948, p.VII), tentou fazer a história desta terra em várias épocas mas limitada ao período posterior à chegada dos portugueses. Depois, sempre se defendeu contra os ataques, que recebeu dos que o acusaram de não fazer história, sobretudo do jornalista Rodrigo Júnior: “o meu nacionalismo político não tem nada que ver com a história, porque a verdade é que não torço os documentos, não lhes tiro o sabor de verdade ou mentira que encerram e tenho por hábito deixar os homens de cada época contarem os factos com as ideias de que vivem” (Aspectos de Moçambique, 1953, p.45). Em todos os seus livros, teve o cuidado de apresentar as fontes que utilizou, sublinhando até algumas vezes as dificuldades que encontrou e as lacunas de certos arquivos. Estava inserido no meio dos historiadores e trocou umas cartas com Vitorino Magalhães Godinho que lhe deu algumas indicações no terceiro volume da A Expansão portuguesa em Moçambique de 1498 a 1530, de 1960 (p.389). Devemos também notar que este último livro é um livro de história económica como a faziam os historiadores da escola dos Annales, seguindo uma metodologia pouco usada pelos historiadores do regime. Essa extensa produção histórica foi bem acolhida e permitiu-lhe ser membro de diversas instituições da época: pertenceu a Academia das Ciências de Lisboa, à Academia Portuguesa da História e à Academia da Marinha. Foi também galardoado com alguns prémios e distinções: devemos assinalar o prémio de História “João de Barros” da Agência Geral do Ultramar e prémios literários da Câmara Municipal de Lourenço Marques e da cidade de Nampula mas também as condecorações de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada em 1964 e a Medalha de Ouro da Cidade de Lourenço Marques em 1972. |
|||||||||||||