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Já na Vanderbilt University, associado a T. Lynn Smith, organizou uma significativa coletânea de trabalhos sobre o Brasil, com a colaboração de norte-americanos e brasileiros, sob o título Brazil, Portrait of Half a Continent (1951), redigindo o capítulo inicial, “The Unity of Brazilian History”. Pouco depois escreveu ainda o capítulo “Colonial Brazil” para a obra organizada por Livermore, Portugal and Brazil: as introduction (1953) e editou o livro Proceedings of the International Colloquium on Luso-Brazilian Studies (1953), que contou com a participação de grandes historiadores como Charles R. Boxer e Robert C. Smith. Por fim, colaborou na obra organizada por Arthur P. Whitaker, Latin America and the Enlightenment (1942) com o capítulo sobre o Brasil. Em reconhecimento ao seu trabalho recebeu a Ordem do Cruzeiro do Sul concedida pelo governo brasileiro em 1952. Ainda que, como vimos, Marchant tenha trabalhado com vários temas da história do Brasil do século XVI até o XIX, são seus trabalhos sobre o primeiro século da colonização portuguesa que se destacam no conjunto de sua obra. Como é notório, a Coroa portuguesa não empreendeu nenhuma ação de maior fôlego nas terras americanas nas décadas seguintes à viagem de Cabral. A rivalidade com espanhóis e franceses, contudo, obrigou a Coroa a uma nova orientação, dado o risco de perda de território, uma vez que a prioridade então dada era o Oriente, destarte a solução encontrada foi conceder largas faixas de terra a vassalos com experiência nas atividades do ultramar. Reproduzia-se assim, em escala ampliada, o modelo de colonização baseado nas chamadas capitanias hereditárias, modelo esse anteriormente aplicado nas ilhas atlânticas. Na prática, entretanto, o processo de colonização empreendido pelos donatários a partir da década de 1530 não conseguiu superar as dificuldades encontradas, notadamente a resistência indígena – tema central da obra de Marchant –, nem atingir os objetivos de garantir a defesa do território, obrigando dessa forma a Coroa portuguesa a intervir com a criação do Governo Geral em 1548. As capitanias hereditárias não deixaram de existir, porém, a partir desse momento foram perdendo importância e paulatinamente foram sendo incorporadas ao patrimônio régio, num longo processo que só se encerrou no século XVIII. Pode-se dizer, em linhas gerais, que as capitanias fracassaram ou, em uma visão matizada, que, dadas as dificuldades encontradas, elas acabaram servindo como uma etapa preliminar do processo de colonização, facilitando de alguma forma o esforço posterior, já sob a égide da Coroa. De toda forma a opção inicial pelo sistema de capitanias hereditárias marcou o processo de colonização do Brasil, em especial até meados do século XVII e, consequentemente, gerou um imenso debate historiográfico, no qual a obra de Marchant se insere de forma significativa. |
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