De família modesta, Rocha Martins foi um autodidacta que se tornou num dos escritores portugueses que em todos os tempos mais terá publicado. Frequentou o Curso Superior de Letras, que não completou. Jornalista, romancista com temas históricos (Maria da Fonte, Madre Paula, Bocage, Gomes Freire, e outros), divulgador de assuntos de história a que chama evocações históricas (em livros e nos periódicos ABC e Arquivo Nacional que fundou e dirigiu e em inúmeras brochuras – formando colecções que atingiram grandes tiragens). Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, a literatura também lhe serviu de assunto, tendo dedicado a Camilo Castelo Branco e a Eça de Queirós alguns trabalhos com interesse. Em todos os seus escritos está muito presente a perspectiva um tanto romântica – parecendo apreciador de dramalhões.

Da sua imensa bibliografia destacam-se contudo alguns títulos em que realmente procurou escrever o que se designa por história contemporânea. Sempre em redor da política, e de assuntos que a um monárquico liberal calhavam – embora tivesse sido dedicado partidário de João Franco, defendido o ditador Pimenta de Castro e aderido a Sidónio Paes (e mesmo sido deputado sidonista). Vereador no município de Lisboa em 1924, ainda colaborou de início na propaganda do Estado Novo – apesar de depois se ter destacado como opositor ao salazarismo – e precisamente nos anos 40 no jornal República em artigos que deram brado. A sua relação com o director desse periódico Carvalhão Duarte terá provavelmente a ver com a fraternidade maçónica. Monárquico, não se estranha que se afirme e mostre liberal, embora ponha a Pátria acima de uma liberdade ampla que defende. Liberal, “adversário confesso e firme de jacobinismos vermelhos e brancos […]” (O governo…,1945, 9). Assim resulta natural que colabore com Lopes d’Oliveira (liberal, republicano radical e também patriota) na redacção dos “Cadernos Históricos” que no ano de 1946 saíram em Lisboa para instrução popular: empreendimento de difusão cultural, em que colaboraram também Aquilino Ribeiro, João de Barros ou Bourbon e Meneses.

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