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Mantendo um mesmo processo de trabalho ao longo de toda a obra: entre os primeiros escritos – A Côrte de Junot em Portugal (1910) – e um dos seus últimos livros de história – O marquês de Pombal desterrado (1939) – não há notáveis diferenças de método. História descritiva de acontecimentos políticos, alguns apresentados com notável minúcia e cuidada informação, em que as explicações se não buscam. São relatos apenas, mais ou menos ornamentados com a expressiva prosa do autor, que não busca compreendê-los mas apenas assinalá-los. A técnica jornalística das reportagens e crónicas transita para a história tal como RM a concebe e escreve. Mais crónica e mais memórias do que história: embora à história sirvam os elementos que vai carreando nos seus escritos. O próprio autor considera que os seus trabalhos podem “constituir auxílios para a história definitiva contemporânea”, pois se alicerçam em “testemunhos imparciais.” Insiste em que lhe importa sobretudo dizer a verdade e não recear dizê-la (O governo…, 9). Envolta embora nas habituais roupagens com que adorna a sua prosa. Veja-se a Lisboa do 5 de Outubro: “Lembrava uma moça, emancipada de chofre, apetecendo-lhe, desde logo, loucuras, garotices, generosidades, berros infantis e súbitas atitudes de pessoa séria.” (Idem, 11) Porque não podia RM negar o acolhimento da República pela população lisboeta: “A República era, na verdade, àquela hora, alguma coisa de ideal, de perfeito, de enternecedor, com o povo nas ruas, as janelas embandeiradas, a luminosidade do dia outonal, cheio de sol.” (O governo..., 40). E por aí fora, em garrida descrição imaginária a que não falta a referência à quantidade de carne, de pão e peixe consumidos no acampamento na Rotunda, alimentos cozinhados em 9 fogões (O governo..., 44). |
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