José Acúrsio das Neves foi, indubitavelmente, uma das personalidades mais enérgicas em prol da industrialização portuguesa, no contexto das dificuldades conjunturais sucedidas entre os finais do século XVIII e os inícios do século XIX. Filho de António das Neves, formado em Cânones pela Universidade de Coimbra, e Josefa da Conceição, as posses familiares permitiram-lhe ingressar na Faculdade de Leis da Universidade em 1782, cuja formação concluiria em 1787, iniciando uma carreira ascendente na magistratura, à qual votaria quase inteiramente a sua vida. Paralelamente, é hoje considerado como um dos precursores da história económica e social em Portugal, indissociável, todavia, das suas arreigadas convicções políticas, confessando-se desejoso de ser “útil á Pátria, e aos meus Soberanos, pelo caminho das Letras.”

Concluiu o tirocínio de magistrado no Desembargo do Paço, começando por exercer na Casa da Suplicação e na oposição aos Lugares de Letras, onde publicaria o seu primeiro opúsculo (1794), de teor panegírico, endereçado ao presidente da Mesa do Desembargo do Paço, D. Luís de Vasconcelos e Sousa (1740-1807). Nomeado juiz de fora para Angra do Heroísmo, cargo que ocuparia entre 1795 e 1799, permaneceria na Ilha Terceira, sendo promovido a corregedor de 1799 a 1802, participando no governo executivo da Capitania.

Após cessar a sua comissão de serviço nos Açores, casaria com Delfina Maria das Neves, viúva de um tio e detentora de assinaláveis rendimentos, natural de Sarzedo, no concelho de Arganil. Regressaria a Portugal continental em 1807, tendo assistido à saída da Casa Real e da Corte para o Brasil, na iminência da primeira invasão dos exércitos franco-espanhóis comandados pelo marechal Junot (1771-1813). Perante a gravidade dos eventos, José Acúrsio das Neves reagirá tempestuosamente à fraqueza e ao derrotismo da Regência, assim como do pessimismo de grande parte da intelectualidade e das classes militares, iniciando uma enérgica actividade panfletária para contrariar essas tendências.

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